De 6 a 10 de dezembro acontece o III ENICECULT - Encontro Internacional de Cultura, Linguagens e Tecnologias do Recôncavo. Transmissão ao vivo pelo canal TV UFRB do YouTube.
Pensar sobre o outro que se constrói a partir de encontros, associações, atravessamentos e agenciamentos entre sujeitos, ideias, objetos, movimentos, saberes, teorias, métodos, artes, tecnologias, técnicas e linguagens é a proposta do III ENICECULT (Encontro Internacional de Cultura, Linguagens e Tecnologias do Recôncavo).
Com o tema “Alteridades Possíveis”, o III Enicecult - Encontro Internacional de Cultura, Linguagens e Tecnologias do Recôncavo ocorrerá de 6 a 10 de dezembro em formato virtual, com transmissão ao vivo pelo canal TV UFRB do YouTube. O objetivo é colocar em debate a questão da “outridade” e sua relevância para a construção da interdisciplinaridade.
A abertura acontece no dia 6, às 18h30, com a palestra “O jabuti e a queda do céu: mimesis, f(r)icção e performance Yanomami”, do professor titular de Antropologia da USP John Dawsey, coordenador do Napedra – Núcleo de Antropologia, Performance e Drama. Durante o evento vão acontecer outras sete mesas com a participação de convidados nacionais e internacionais.
Além de palestras e mesas de debates, o III Enicecult também contará com a I Mostra de Pesquisa Artística Estudantil.
As inscrições poderão ser realizadas de 03 de novembro a 05 de dezembro no https://sistemas.ufrb.edu.br/sigaa/.
As orientações para a realização das inscrições poderão ser consultadas em https://ufrb.edu.br/cecult/extensao/inscricao-em-cursos-eventos
Programação
06/12 - 18h30
O jabuti e a queda do céu: mimesis, f(r)icção e performance Yanomami
John Dawsey (USP)
Mediação: Lia Lordelo (UFRB)
Apresentações artísticas e culturais
Pretende-se repensar uma antropologia da performance napë (moderna não-indígena) a partir das interpretações de Eduardo Viveiros de Castro a respeito da imaginação conceitual dos Yanomami e outros povos da Amazônia. De acordo com o pensamento napë, o que é comum a todas as coisas e seres é a natureza; todos temos corpos. Alguns corpos têm almas, outros não. De acordo com o pensamento Yanomami, as coisas acontecem de outra forma. Os corpos criam diferenças. O que é comum a todas as coisas é a humanidade. Nesse sentido, para os Yanomami – um termo que significa humano – somos todos Yanomami. Na floresta, a incapacidade de povos napë (não-indígenas) de reconhecerem e criarem o humano, tornando-se semelhantes aos outros, e, ao mesmo tempo, outros para si mesmos, leva à destruição. O ato criativo de trazer as coisas à vida, revelando a humanidade das coisas, e, ao mesmo tempo, refazendo o seu próprio corpo, tem a ver com performance Yanomami, como pode ser visto em narrativas sobre a chegada dos espíritos da floresta. De acordo com o pensamento napë, os corpos são dados. De acordo com o pensamento Yanomami, os corpos são fabricados e criados, como máscaras. Em performance napë, a cura frequentemente ocorre quando máscaras são removidas e corpos revelados. Em performance Yanomami, a cura ocorre quando, na feitura ou refeitura dos corpos, uma humanidade profunda vem à vida.
07/12 - 15h
Mesa: Narrativas sobre formação e culturas na diáspora contemporânea envolvendo pesquisas Moçambique/ Portugal
Mediação: Rita de Cássia Dias (UFRB)
Artemisa Odila Cande Monteiro (UNILAB)
Eduardo David de Oliveira (UFBA)
Silvia Michele Lopes Macedo de Sá (UFRB)
Será abordada a questão das narrativas sobre formação em contextos culturais com a presença negra, na Diáspora contemporânea, no entrecruzamento das abordagens nos campos da Filosofia, da Antropologia, das Ciências Sociais e da Educação, no que concerne à identidade étnico-racial, Negritude e Educação, Africanidades e Cosmovisão africana e os processos de aprendizagem e formação referenciados na cultura e na etnicidade, consideradas as especificidades da formação inter/transcultural.
18h30
Mesa: Poéticas infanto-juvenis nas artes: criação e deslimites
Mediação: Paula Lice (UFRB)
Paulo Merísio (UNIRIO)
Edu O. (UFBA)
Domingas Monte (Universidade Agostinho Neto/ Angola)
As artes pensadas para as infâncias e juventudes, sejam elas feitas ou não por crianças e jovens, são interesse central de inúmeros criadores e pesquisadores, dedicados a ampliar as fronteiras do que pode ou não caber nessa gaveta. A mesa convida à interlocução, artistas e pesquisadores da dança, do teatro e da literatura, a fim de sublinhar o caráter multidimensional da criação artística contemporânea voltada para crianças e jovens.
08/12 - 15h
Mesa: Entre a emergência e a permanência: cultura e crise na América Latina
Mediação: Laura Bezerra
Lia Calabre (Fundação Casa de Rui Barbosa e UFF)
Ursula Rucker (Universidad Nacional de Avellaneda/ Argentina)
Carlos Yanez Canal (Universidad de Colombia)
A explosão da Covid-19 desencadeou uma crise mundial com consequências profundas para o campo da cultura. Entretanto, a crise que atinge os países América Latina antecede a pandemia: há anos as políticas neoliberais vem ampliando as á pronunciadas desigualdades no nosso território. Some-se a isso os processos de desdemocratização em curso em alguns países latino-americanos, com disputas ideológicas travadas agora nas redes sociais e em torno de padrões discursivos mais violentos e conflitivos. Assim, as políticas culturais atuais encaram um desafio triplo: por um lado, investir em ações emergenciais para minorar a crise atual dos trabalhadores da cultura, mas também trabalhar para a reconstrução/reorganização do setor na pós-pandemia – em um contexto de incertezas, marcado pelo desmonte do Estado, extinção (redução ou desorganização) de instituições, diminuição de recursos e perda de direitos. Além disso, considerando que as disputas políticas são travadas (também) na esfera do simbólico, não seria igualmente função das políticas culturais promover a articulação entre cultura, democracia e cidadania? Há espaço para um enfrentamento de tamanha envergadura? Quais as possibilidades da atuação em rede? Propomos uma reflexão sobre as ações propostas por países latino-americanos na situação de emergência e sobre os caminhos que podemos construir para enfrentar os desafios futuros.
18h30
Mesa: Pesquisa e Formação em Artes
Mediação: Lúcio Agra
Jessé Oliveira (Coordenador de Artes Cênicas de Porto Alegre)
Jorge Vasconcellos (UFF)
Objetiva-se realizar uma discussão aberta em torno dos novos protagonismos do ensino de artes e a inclusão de visões ancestrais antes excluídos do circuito e do aprendizado acadêmico.
09/12 - 15h
Mesa: Novas epistemes nos estudos da música e da comunicação: diálogos interseccionais
Mediação: Nadja Vladi e Tatiana Lima
Mercedes Liska (Universidad de Buenos Aires)
Tobias Queiroz (UERN)
Luciana Xavier (UFABC)
A mesa reúne estudos que atuam na interface entre música e comunicação e propõem dialogar com novas epistemes nas abordagens comunicacionais, possibilitando a elaboração de instrumentais teóricos, metodológicos e analíticos para pensar em novos modos de construir e entender o mundo contemporâneo. Neste sentido, o desafio dos pesquisadores e pesquisadoras é refletir sobre o campo da comunicação e das práticas musicais a partir de questões étnico-raciais, dos feminismos, dos gêneros e pós-gêneros, das interseccionalidades, das tecnologias, das ocupações e conflitos nos espaços urbanos, pensando os fenômenos culturais contemporâneos em uma perspectiva epistemológica decolonial, em diálogo com questões latino-americanas e com territorialidades que abrangem o Sul-Sul.
18h30
Mesa: Culturas e universidades
Mediação: Luciano Simões (UFRB)
Fernando Mencarelli (UFMG)
Flavia Cruvinel (UFG)
Thiago Rodrigues (UFCA)
Serão discutidas as possibilidades de interseção do campo da cultura com as atividades de extensão, pesquisa e ensino nas Universidades. Debaterá as os processos de implementação de políticas públicas de cultura em curso nas Instituições Públicas de Ensino Superior do Brasil (IPES). Tal discussão insere-se num debate mais amplo, pois, desde 2017, docentes, servidores, discentes, agentes culturais, pesquisadores e colaboradores que atuam na gestão cultural de instituições de ensino superior vêm dialogando e trocando experiências sobre os processos de implementação das Políticas Públicas nessas instituições. Entre outros desdobramentos, foi criado o FORCULT – Fórum Nacional de Gestão Cultural das Instituições de Ensino Superior, instância colegiada voltada para contribuir com a formulação de políticas culturais nas Instituições de Ensino Superior no Brasil.
10/12 - 14h00
Mesa: Direitos Humanos
Mediação: Thaís Brito (UFRB)
Angelo Martins Jr (Universidade de Bristol/ Inglaterra)
Daniel de Lucca (UNILAB)
Livia Vaz (Universidade de Lisboa)
Apresentações artísticas e culturais
Diante das fronteiras que o mundo contemporâneo nos impõe e que, ao mesmo tempo, busca romper, a Declaração Universal dos Direitos Humanos − lançada em 1948 como um acordo entre os Estados-Nação no pós II Guerra Mundial − visa estabelecer uma espécie de freio ao relativismo absoluto em prol da construção e da manutenção de uma Cultura de Paz universal. Com princípios pautados nas lógicas liberal e ocidental, principalmente no que se refere às liberdades individuais, este documento combate os modelos de políticas absolutistas, partir do princípio da não-violência, por meio de uma proposta dialógica na resolução de conflitos. Entretanto, diante das complexidades do cotidiano, o tratado nem sempre consegue se tornar real, talvez, porque não incorpore, em si, realidades outras ou, ainda, tenha se tornado um “ente” manipulável e esvaziado. Assim, no dia em que em que se comemora o Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o III Enicecult propõe uma reflexão, considerando, inclusive, aos temas relacionados às fronteiras, às questões raciais, de gênero e de classe, às ações políticas e de direitos econômicos.
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