19/07/2010 - Tribuna da Bahia
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“Nós vivemos numa sociedade extremamente desigual, com falta de espaço de socialização, e isto reflete no interior das escolas. É necessário que exista realmente profissional de Serviço Social assistindo não só os estudantes, mas também os professores e funcionários de uma escola. Que bom seria se a gente pudesse ter uma equipe multidisciplinar, também com psicólogos, psicopedagogos e professores, atendendo os problemas que são aflorados no espaço escolar”. A declaração é da professora Marcela Mary José da Silva, do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), que defende uma reinserção do Assistente Social na rede pública e privada de ensino.
Conforme a professora, a violência escolar “que tem aumentado sobremaneira e não é um fenômeno da Bahia, mas nacional,” a questão do abandono escolar, o índice de reprovação “muito grande” e a questão de muitas escolas estarem em “lugares de vulnerabilidade social onde as drogas se apresentam”, são motivos que exigem a presença ativa do Assistente Social no ambiente escolar.
Marcela da Silva enfatiza que, nacionalmente, vários projetos de senadores e deputados que estão lutando por isso com projetos que tramitam em Brasília. “Nesse sentido, o Conselho Federal de Assistência Social tem travado uma luta constante no acompanhamento destes projetos. Temos também um grupo de trabalho nacional que está fomentando a discussão sobre a inserção do assistente social nas escolas”, comentou.
A professora Marcela da Silva louva a atitude dos deputados baianos Javier Alfaya (PCdoB) e Yuli Oiticica (PT), e do Vereador de Salvador Palhinha (PDC), que apresentaram projetos de leis que propõem uma participação ativa do Assistente Social nas escolas estaduais e municipais, e enfatiza as ações do grupo de trabalho criado na UFRB com o mesmo objetivo.
“A gente tem fomentado a discussão e desenvolvido uma série de atividades no estado com vista a propagar esta ideia sobre a importância da Assistente Social no interior da escola. O grupo quer incluir nesta discussão os diretores dos estabelecimentos, os secretários de Educação e a comunidade”, revelou.
Como experiência exitosa da participação dos profissionais assistentes sociais, a professora destaca a presença de colegas atuando nas corregedorias de assistência estudantil nas universidades. “Não é na quantidade que deveria ter. Pense numa universidade com três mil alunos e apenas duas ou três assistentes sociais tocando o projeto. Essa é a nossa próxima luta, de inserir uma quantidade de profissionais que dê conta das demandas que são apresentadas.
Nós precisamos oficializar a presença do Assistente Social e, paulatinamente, congregando outras profissões que possam dar um contributo social para a população. É dentro da escola que agente pode agregar comunidade, o apoio formal do estado, e as crianças e adolescentes. Então a gente não pode perder a escola como este espaço de organização comunitária”, observou.
Encontro vai reunir assistentes
Com o objetivo de fortalecer a proposta de reinserção dos profissionais assistentes sociais nas escolas, a professora Marcela Silva anuncia para agosto, a realização de um encontro com os secretários da Educação.
“É preciso sensibilizar os secretários também. Não se trata a reinserção do assistente nas escolas, de proteger o espaço de frente de trabalho pra o Assistente Social. Não é isso.
A profissão do serviço social trabalha na consolidação dos direitos sociais e nós percebemos que a escola é um lugar farto de trabalho para profissionais como nós, e que os outros profissionais que estão lá agora, os pedagogos, não têm uma formação pra lidar com estas questões”, concluiu. Mais informações sobre as ações das assistentes sociais da UFRB acesse: gt-servicosocialnaeducacao-ufrb.blogspot.com.