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Cachoeira prepara homenagem à Boa Morte

09/11/10 14:29 , 13/01/16 15:40 | 2740

Lançamentos de DVD e livro sobre a Festa da Boa Morte, fazem homenagem à Irmandade sob promoção do Governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura do Estado, FPC e IPAC, com colaboração da Universidade Federal do Recôncavo, prefeituras municipais de Cachoeira e São Félix

Cerca de 20 pessoas, entre pedreiros, marceneiros, carpinteiros, eletricistas, montadores e auxiliares trabalham até terça-feira (09) na sede regional do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), em Cachoeira, a 110 km de Salvador, preparando o espaço para os lançamentos de um documentário em DVD e um livro inédito sobre a Festa da Boa Morte. O sobrado de dois andares do IPAC, localizado na Rua 25 de junho em Cachoeira – cidade tombada como Patrimônio Nacional – receberá exposição fotográfica e de bonecões das festas populares de São Félix, exibição de vídeodocumentário e lançamento do livro composto por artigos inéditos, estudos histórico-antropológicos, entrevistas, iconografias, bibliografias e fotografias.

O lançamento que acontece próxima quarta-feira, dia 10 (novembro, 2010), às 14 horas, nessa sede do IPAC, contará com presença do governador Jaques Wagner, acompanhado por secretários estaduais, prefeitos, vereadores, deputados da região, professores, alunos da UFRB e população local. Ao final da festa acontece apresentação especial do Grupo Samba de Roda Suerdieck. A iniciativa é da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), através do IPAC e Fundação Pedro Calmon (FPC), com colaboração da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Prefeitura Municipal de Cachoeira.

O livro e DVD integram parceria entre FPC e IPAC, ambos órgãos da SecultBA que estão realizando série de publicações de parte das pesquisas e dossiês que possibilitam os registro oficiais de manifestações culturais como Patrimônios Imateriais da Bahia. “De 2007 a 2010 já foram reconhecidas como Patrimônios Imateriais da Bahia, a Festa da Boa Morte em Cachoeira, o Carnaval de Maragojipe nesta cidade e a Festa de Santa Bárbara em Salvador”, diz o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça. A previsão é que até dezembro (2010), o IPAC termine a pesquisa sobre Desfile dos Afoxés, e em 2011, estudos sobre Ofício dos Vaqueiros, Ofício dos Mestres Organistas e Festa do Bembé em Santo Amaro.

“Todas devem ganhar livro com textos inéditos e documentário em DVD como forma de guardar a memória e difundir essas expressivas e importantes manifestações culturais”, explica o gerente de Pesquisa e Legislação do IPAC (Gepel), Mateus Torres, coordenador-geral da iniciativa. Com média de 120 páginas, os livros reúnem parte das pesquisas que o IPAC realiza com historiadores, sociólogos, museólogos, antropólogos, fotógrafos, arquitetos e outros técnicos. Com artigos inéditos, o livro apresenta estudos histórico-antropológicos, entrevistas, iconografias, bibliografias e fotografias, fortalecendo a relevância cultural e mística das manifestações, estimulando o turismo, o diálogo local, nacional e internacional sobre essas temáticas.

200 ANOS - A Festa da Boa Morte foi oficializada como Patrimônio Imaterial da Bahia no dia 25 de junho deste ano (2010). O decreto foi assinado pelo governador da Bahia, Jacques Wagner, durante sessão especial na Câmara de Vereadores de Cachoeira. A cerimônia fez parte das comemorações pela transferência do Governo do Estado para a cidade, que já acontece há três anos.  A festa da Boa Morte, que acontece desde 1820, sempre em agosto, mistura elementos do catolicismo e do candomblé e é considerada uma das mais importantes manifestações culturais da Bahia. A Festa foi incluída no Livro de Registro Especial de Eventos e Celebrações. O reconhecimento é uma salvaguarda à manifestação cultural afro católica, que passa a ter a proteção e o incentivo do Estado e da sociedade civil organizada, possibilitando ainda que tenha prioridade nas linhas de financiamentos culturais municipais, estaduais, federais e até internacionais. A irmandade religiosa de Nossa Senhora da Boa Morte existe em Cachoeira (BA) há mais de 200 anos, desde início do século 19 e é formada, historicamente, por mulheres negras e mestiças. A irmandade buscava resgatar mulheres negras da escravidão, pagando cartas de alforria, oferecendo proteção e facilitando fuga de escravos para quilombos. As pesquisas do IPAC garantem que já em 1820 a irmandade estava na cidade de Cachoeira, vinda de Salvador, fugindo do general Madeira de Mello que perseguia irmandades negras na capital.





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