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5/05/2011 - TRIBUNA DA BAHIA
Um dos mais importantes resultados da relação comercial entre a Bahia e Ásia e fruto das últimas missões da agropecuária baiana à República Popular da China, coordenada pelo secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, uma delegação chinesa estará na Bahia entre os dias 8 e 15 deste mês para vistoriar a cadeia produtiva do tabaco, confirmar que o estado é livre do mofo azul e autorizar a exportação dos charutos fabricados no Recôncavo.
Com a liberação da exportação para a China, a expectativa da Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri), prefeituras municipais do Recôncavo, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e produtores, é de que a produção aumente 100%, consolidando a cultura do fumo para charutos, criando empregos e recuperando a economia de toda a região.
“Outro grande benefício é a reativação de fábricas de charuto, promovendo o fortalecimento da cadeia produtiva e estabelecendo um padrão de autossustentabilidade para o negócio, já que o produto charuto tem maior valor agregado”, aponta o presidente do Sinditabaco Bahia, Ricardo Becker.
A Seagri, por meio da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), desenvolveu em 2010 um intenso trabalho em campo delimitando procedimentos para caracterizar como livre de pragas áreas em mais de 20 municípios produtores, totalizando 1,73 mil hectares plantados. Em atendimento às exigências do Ministério da Agricultura, foram coletadas amostras em 10% das 2,32 mil propriedades produtoras de tabaco, e o material foi enviado a laboratórios no Rio Grande do Sul. Com o resultado negativo para a presença do fungo ‘Peronospora Tabacina’, a Adab encaminhou a proposta de caracterização de área livre do Mofo Azul ao Mapa, que emitiu parecer favorável.
Visita
Técnicos e representantes do governo chinês, além de empresários, vão visitar fazendas e indústrias para conhecer in loco desde o plantio até a colheita e o beneficiamento da produção, com vistas a incluir o e stado no tratado bilateral para a exportação do charuto. A delegação chinesa vai conhecer de perto o trabalho desenvolvido pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) que caracterizou a Bahia como área livre de mofo azul, status certificado e reconhecido pelo Ministério da Agricultura (Mapa). A presença da praga é impeditiva ao comércio com o mercado Chinês. Para Salles, a exportação dos charutos baianos vai gerar empregos e recuperar a economia do Recôncavo.
Números
A produção de tabaco na Bahia concentra-se na região do Recôncavo, principalmente na cidade de Cruz das Almas. Cerca de três mil empregos diretos são gerados só no município, mobilizando 5% da população em função da cultura do tabaco, cuja qualidade já é conhecida pelo mercado europeu e tão boa ou superior aos charutos cubanos.
“Trata-se de uma atividade importante para a economia agrícola do estado na medida em que oferece condições de empregabilidade e geração de renda para a agricultura familiar”, ressalta o secretário, lembrando que a produção baiana é artesanal e realizada por 12 mil agricultores familiares em todo o Recôncavo Baiano com predominância da mão de obra feminina.
A Bahia exporta 97% da produção de folhas de fumo, principalmente para Holanda e Alemanha. No ano passado, de acordo com dados do IBGE, o estado produziu cerca de 6,15 mil toneladas numa área de 5,8 mil hectares, ocupando a 5ª posição no ranking do país, atrás de Alagoas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Com relação aos charutos, a Bahia produz atualmente cinco milhões de unidades/ano do produto em oito municípios, Cruz das Almas, Muritiba, São Félix, Cachoeira, Paraguaçu, Conceição do Almeida, Simões Filho e Salvador.
O diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Adab, Armando Sá, ressalta que “o tabaco é a mais importante cultura agrícola não-alimentícia do planeta, e contribui substancialmente para as economias de mais de 150 países”. E o Brasil, além de ser o segundo maior produtor de tabaco do mundo, é o líder na exportação mundial do produto há 15 anos.