Pré-concurso solidário da PROEXT aprova candidatos em Amargosa
O sonho do cargo público faz parte da vida de muitos brasileiros na busca por melhores salários e estabilidade. Não é diferente com os moradores de Amargosa que enxergaram no concurso público municipal, realizado este ano, uma forma de transformar suas vidas. Para ajudar na preparação para as provas, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, por meio da sua Pró-Reitoria de Extensão, criou o Pré-concurso solidário. 
“É tarefa da universidade contribuir para o desenvolvimento social e cultural da sociedade”, pontuou a coordenadora do Núcleo de Formação da Pró-Reitoria de Extensão, profª Denise Melo. De acordo com a docente, a ideia inicial era atender funcionários terceirizados do Centro de Formação de Professores, no entanto, com o crescimento da demanda, foi necessária a criação de três turmas, com um total de 90 inscritos. O objetivo era preparar candidatos para cargos de nível fundamental, em especial para o cargo de auxiliar de serviços administrativos educacionais, que teve 904 concorrentes.
Há 16 anos sem estudar, Cristiane Santos foi uma das beneficiadas da ação da UFRB, com a aprovação em segundo lugar no referido cargo. “O pré-concurso ajudou. Foi o mais importante. Na primeira aula eu faltei só porque não sabia do projeto, mas, depois, não perdi nenhuma aula”, revelou uma alegre Cristiane que destacou ainda a vontade de continuar o processo de aprendizagem. “Sempre tive vontade de estudar, ir além”, ressaltou. Junto com Cristiane, mais sete alunos do curso foram classificados para vagas de nível fundamental.
Atuaram como professores do pré-concurso os discentes dos cursos de graduação do Centro de Formação de Professores. Entre eles, também atuando como professora de língua portuguesa, Manuela Almeida, recém formada pedagoga e moradora da zona rural de Amargosa: “Eu estava no final da monografia, mas quando fui chamada, não tive como negar. Vim de escola pública, de universidade pública, então eu tinha que retribuir ao povo que indiretamente possibilitou meus estudos”. A pedagoga falou ainda sobre como o pré-concurso aproximou esses alunos em relação à universidade: “Os próprios cursistas viam a universidade como algo distante, como se eles não pudessem usufruir, por tudo isso foi maravilhoso. Não pensei em certificado, pensei só em ajudar”.
"Além de ser selecionada, contribuí para que outros passassem, é um sentimento de dever cumprido”, afirma Maiane Santana, estudante de pedagogia do 7º semestre. Ela também ensinou língua portuguesa aos alunos do curso e foi aprovada na primeira etapa do concurso para o cargo de professora de séries iniciais. Ainda para Maiane, o projeto deu a oportunidade de vivenciar conteúdos adquiridos em salas de aula. “Colaborou para minha iniciação a docência e trouxe desafios, demandas e responsabilidades importantes à área profissional”.
Para a professora Denise Melo, a ação é um bom exemplo de extensão, pois os estudantes atuam profissionalmente, porém com o subsídio da universidade. Entidades da sociedade civil também tiveram importante participação, concedendo espaços para aulas, além de materiais para os alunos. “Foi uma iniciativa maravilhosa. Abriu os olhos de muita gente de que com o estudo é possível mais”, emocionou-se Cristiane Santos.
