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Alain Coulon faz conferência de abertura do II Colóquio do Observatório da Vida Estudantil

04/06/12 16:19 , 13/01/16 15:47 | 2254

“A democratização do Ensino Superior custa dinheiro”, afirmou o sociólogo francês Alain Coulon na conferência de abertura do II Colóquio Internacional do Observatório da Vida Estudantil (OVE), que aconteceu de 31 de maio a 02 de junho, no campus da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) em Cachoeira. Convidado a debater o tema Responsabilidade Social das Universidades nas Sociedades Contemporâneas: Desafios e Contradições, Coulon falou sobre o exemplo da reforma universitária francesa para ampliar a questão e aproximá-la das outras realidades.

Para ele, qualquer país que queira passar por um processo de modernização do Ensino Superior precisa saber que se trata de uma questão de investimento financeiro, com retorno em longo prazo. O sociólogo, que atuou como diretor-geral de ensino superior e integração profissional do Ministério do Ensino Superior e Pesquisa da França, apresentou as mudanças implementadas no país com a Lei 1.199 de 2007, a chamada Lei da Reforma Universitária (LRU), que concedeu mais autonomia administrativa aos reitores das universidades francesas.

Além de transformações na gestão, a lei - como destacou Coulon - introduziu uma nova ‘responsabilidade social’ às instituições de ensino superior na França, que passaram a ter que investir na inserção profissional de seus diplomados. “A universidade não pode se contentar apenas em formar, antes de tudo o que os estudantes querem é uma boa colocação profissional”, disse, traduzindo o principal motivador da proposta. Ele acredita que a publicação dos primeiros resultados, além de servir de índice para avaliar a qualidade das instituições, pode permitir aos mais jovens analisar as oportunidades na carreira.

Investimentos de futuro -
Coulon trouxe ainda o exemplo do programa do governo francês Investissements d'avenir, lançado em 2009, que privilegia projetos voltados ao ensino superior e a pesquisa. “Esse programa vai permitir a França avançar consideravelmente, em especial nas áreas médica e biológica, o que poderá ser aproveitado por toda população, uma vez que terá impacto mundial”, diz. Para ele, a universidade com a sua função de pesquisa é a instituição que provoca maior impacto na vida cotidiana. “Se hoje temos um grande número de tecnologias disponíveis, em todos os domínios, a universidade desempenha um papel fundamental nesse progresso”.

Entre os investimentos de futuro, também estão sendo financiadas iniciativas de excelência para formações inovadoras. Um dos pontos não previstos pelo programa é a avaliação do ato pedagógico que, na opinião do sociólogo, ainda carece de critérios. “Um professor pode ensinar durante anos sem que seja avaliado e isso tenha consequências”, provoca. Ele coloca que é preciso definir exigências em relação ao ensino e melhorar a qualidade das tecnologias a serviço dos professores e dos estudantes, que também precisam se dedicar. “Ser estudante é um oficio de tempo integral”, lembrou.

Mobilização política e social - De acordo com sua avaliação, as duas iniciativas do governo francês marcam a vontade política do país em investir para os próximos 20 anos e que já começa dar seus primeiros sinais quando se nota que o número de estudantes que hoje tem acesso a uma universidade francesa praticamente dobrou em relação ao século XX. “Todos esses esforços tratam da responsabilidade da universidade em relação à sociedade, mas, sobretudo, em relação à juventude”, concluiu Coulon.

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