Farinha com elevada fonte protéica produzida com o peixe tilápia é o resultado do projeto desenvolvido pelo engenheiro de pesca João Bosco Rocha, sob orientação da professora Norma Barreto. O trabalho, fruto do curso de Mestrado em Ciência Animal do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), agora busca aplicabilidade em escolas públicas de Cruz das Almas.
No projeto de mestrado, estudantes entre 14 e 17 anos do Instituto Federal de Sergipe foram o público-alvo do teste de degustação de biscoitos e sopas produzidos com farinha de tilápia. O trabalho demonstrou a aceitabilidade de tais produtos. Para o biscoito produzido com a farinha de tilápia, por exemplo, foram obtidas aprovações de cerca de 70%. Já a sopa teve 100% de avaliação positiva.
"A farinha de peixe é um importante produto que se destaca pelo elevado valor protéico e excelente fonte de energia e minerais", destaca o engenheiro de pesca em seu trabalho. Ele ainda aponta que seu uso pode ocorrer no enriquecimento de diversos produtos, tais como biscoitos, canjas, caldos, arroz e pirão. As tilápias utilizadas, segundo Rocha, seriam aquelas que fogem do padrão comercial, sem perda do valor nutricional, gerados na aqüicultura semintensiva e intensiva na Bahia.
Durante a III Feira Internacional da Pesca e Aqüicultura, AQUAPESCABRASIL, o trabalho foi reconhecido através da orientadora do projeto, Norma Barreto, que recebeu o prêmio na área Tecnologia do Pescado, categoria oral. De acordo com a professora do CCAAB, pesquisas para a aplicação da farinha de tilápia na merenda das escolas públicas do município de Cruz das Almas estão em andamento. Como exemplo, ela cita a aplicação da farinha de tilápia na produção de kibes, produto testado entre estudantes da escola municipal Joaquim Medeiros. No teste, 80% dos alunos apontaram a aceitabilidade do produto.
"Se conseguirmos trabalhar isso junto às prefeituras, vamos oferecer um produto de qualidade com elevado valor protéico para crianças que, muitas vezes, têm a merenda escolar como principal refeição do dia", destaca Norma. Em sua opinião, além de aproveitar peixes que não chegam ao peso comercial, deixa-se de causar um impacto ambiental causado pelo seu descarte. Lucro para o piscicultor e para a sociedade.