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De 14 a 18 a UFRB sediou o XI Encontro Norte Nordeste de Casas de Estudantes

23/10/07 06:14 , 13/01/16 15:26 | 2427
Entre os dias 14 e 18 de novembro de 2007, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, no Campus  Cruz das Almas, sediou o XI Ennece, Encontro Norte Nordeste de Casas de Estudantes. O evento reuniu os Estudantes Residentes Universitários de Casas Autônomas, Municipais, Estaduais e Federais das Regiões Norte e Nordeste.
Duas estudantes de Jornalismo da UFRB, Aline Pires e Vahise Ribeiro, cobriram o evento:
 
 

'Os residentes debateram as diversas situações vivenciadas a respeito das instalações existentes' 

                                                                                                                       Por Aline Pires
 

 

Para uma maior compreensão sobre o assunto, cabe aqui uma breve contextualização do que é uma Residência Estudantil e o rumo que ela tomou dentro das universidades. Pois poucas pessoas sabem da importância de uma residência, principalmente no que tange a essa nova perspectiva de maior inclusão de alunos de classe baixa dento destas instituições através das cotas.

As residências da Bahia e em especial a da UFBA, segundo o estudante Sandoval da R5 “a residência surgiu da necessidade dos filhos de fazendeiros desfrutarem de um local apropriado para morar e continuar seus estudos, geralmente situava em locais estratégicos dentro da sociedade elitista da época, ou seja, nos melhores bairros a exemplo o Corredor da Vitória e na Graça, onde ainda está instalada a R1, R2 e a R5.

Segundo ele, "a assistência era a melhor possível, com todo o conforto visando um melhor desempenho acadêmico. Com o passar do tempo, 'universidade' deixa de ser coisa de rico e se torna uma realidade para pessoas de classe baixa. Pode-se observar que o contingente de estudantes, vindo do interior e que almejava uma residência aumentou, neste momento a residência deixa de ser prioridade dos governantes que as financiavam e que tinha apoio político dos grandes fazendeiros, e passa a ser um grande problema, já que a massa nunca foi prioridade”.

Anterior a 1994, existia uma rubrica especifica para a manutenção de casas universitárias, como a própria superintendência estudantil afirmou que ainda no governo de FHC, está rubrica deixa de existir tornando um agravante, para a manutenção de estudantes hoje nestas instituições. O anulamento desta verba tem acarretado sérios problemas para com os estudantes, alguns deles apontam este assunto como descaso social, que consequentemente faz com que o movimento estudantil repensasse a situação, o que levou à discursão e articulação com estudantes de outros Estados, fortalecendo o movimento e pensando nas decisões que poderão ser tomadas e encaminhadas para as Superintendências estudantis, visando um feedback positivo, para ao menos fornecerem condições mínimas de conforto para estes.

O   Reitor Paulo Gabriel Nacif e o Vice-reitor Silvio Soglia, participaram de reuniões do ENNECE e tranqüilizaram os estudantes, afirmando que a criação de novas residências é uma das metas a alcançar.
No último dia do evento os estudantes visitaram a cidade de Cachoeira. Para Sérgio Martins, estudante de História, esta cidade é um local estratégico, berço de grandes mobilizações no passado, e que agora revive momentos importantes para o prosseguimento da história, agora de forma diferente, e com a presença do povo, como membro do grupo pensante.
 
 
'Estudantes do Norte e Nordeste discutem a construção de uma Universidade verdadeiramente eqüitativa'.
                                                                                                                                    Por Vanhise Ribeiro
 
Visando congregar estudantes residentes de baixa renda, num fórum que procura debater sobre as reais condições de assistência estudantil, que o ENNECE (Encontro Norte e Nordeste de Casas de Estudantes) aconteceu no Campus da UFRB, em Cruz das Almas de 14 a 18 de novembro, demonstrando a importância de se ampliar a discussão sobre as prioridades nas demandas da comunidade acadêmica.
    No Encontro, representantes estudantis, convidados e a comunidade acadêmica em geral, puderam debater sobre a atual politização e mobilização dos estudantes, as pautas específicas de assistência, freqüentemente conclamadas pelos movimentos estudantis e as possíveis alternativas de construção de Universidade mais eqüitativa e referenciada.
    Conforme Ciro, residente e atual diretor da secretaria regional de Casas de Estudantes, é necessário despertar o interesse comum de que a mobilização estudantil prima por uma Universidade mais justa, igualitária e democrática. Para ele, a residência estudantil deve ser tida enquanto prioridade, pois é ela que identifica e credencia o estudante a lutar pelas mesmas necessidades. “Historicamente, eram sobretudo nas residências os movimentos estudantis adquiriam força”, salienta.
    Segundo as discussões geradas fórum, determinados aspectos dos movimentos estudantis preocupam, uma vez que enfraquecem o mobilização, a falta de politização e organização dos movimentos, as discordâncias e competições entre grupos políticos e por ora, os tipos de políticas de assistência adotadas pelas Universidades, que em sua maioria, não gera identidade entre os assistidos.
    “A luta por condições dignas de assistência estudantil, atualmente tem se resumido a disputas inconsistentes entre grupos políticos rivais”, argumenta Teodoro, também residente e representante estudantil, da UFPE. Pala ele estas disputas representam um verdadeiro entrave às reivindicações necessárias a um movimento mais atuante.
    Acrescenta Sandoval, militante de Casas de Estudantes da UFBA, que essa perspectiva representa também uma contradição, uma vez que, existem pautas específicas do movimento estudantil: residência, assistência, alimentação, entre outras, sempre foram e continuarão sendo pontos de reivindicações. “É necessário se ligar aos movimentos estudantis, mais sem perder a autonomia; conscientizá-los e politizá-los, para fortalecer uma luta que é de todos”.
    Dentre outras discussões, o papel da Universidade também foi salientado, a importância de uma formação crítica e cidadã, comprometida socialmente, deve ser uma meta reforçada no dia-a-dia da vida acadêmica, a partir de formas de construção socialmente referenciadas, que primem por espaços de discussões, convivência e integração.
     A Universidade é o espaço ideal de construção social, por isso cabe a mesma oferecer condições efetivas de implementação do seu papel. Nesse contexto, segundo Teodoro, “é necessário salientar a assistência estudantil enquanto um direito e não como um favor paternalista”.
    No Encontro, o REUNI foi também discutido, no intuito de promover um espaço crítico e debate mais amplo sobre os possíveis rumos da Universidade e de seu papel, como também da assistência estudantil. Em debate sobre o REUNI, Professor Paulo Gabriel Nacif, Reitor da UFRB, defende seu ponto de vista, “o Ensino Superior vai além de uma formação tecnológica e profissionalizante, desempenha também a função humanística, artística e social. A assistência estudantil é fundamental, e a partir do REUNI a mesma pode ser revitalizada”.
        Sobre o Encontro, a afirmação do papel do estudante foi mais uma vez reforçada, demonstrando que a Universidade deve ser também espaço de mobilização, tarefa árdua, que exige constância. Em desabafo, Teodoro adverte, “a mídia tem uma tendência prévia de banalizar os movimentos estudantis”. Contudo, vale lembrar que o estudante tem tendências extraordinariamente mais criativas e socialmente comprometidas e que os credenciam sempre a inovar, com verdadeiros Shows de Construção.
    Exemplo disso é o poema criado pela estudante de Letras da UFBA, também residente, Maria Joana Dourado Guerra:

"Rimando

Nunca fiz um poema com rima
Acho meio retrô, meus poemas são livres
Meio simples e sem esplendor
Mais, eis que agora deu vontade de rimar
Pego o sujeito galego e ajunto logo com o pelego
Pego a bendita Assembléia e com platéia
Boto sua cara bonitinha e rimo com picuinha
Arrumo uma coisa que ninguém viu
E jogo Assistência Estudantil
Agora me apareceu uma dor  
E me lembrei logo do Reitor!
Meu poema é meio brega e facinho de decorar
Só não esqueça coleguinha, que ele vem mobilizar
E que eu me organizando posso desorganizar
Esse sistema capitalista que aqui e ali está
Você quer uma receita pra Assembléia você lotar?
Bota na pauta confusão!
Que esse negócio vai inchar
Ê residência, é resistência
Ê ocupação, é movimento
Lute aqui não vá embora
ou caiu no esquecimento".

 Maria Joana Dourado Guerra

 
 

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