O II Maio Negro é realizado no Centro de Formação de Professores (CFP) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), campus de Amargosa. O evento, que teve início na última terça-feira, 13, segue até 22 de maio. Este ano, a temática é Negritude e Formação de Professores. Já na abertura, a professora e historiadora Wania Sant`Anna da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro fez a conferência de abertura.
“Não é a burocracia que muda a realidade de desigualdade. O que muda a realidade de desigualdade são as pessoas nesta situação, organizadas e debatendo publicamente e conquistando com contestação. Sem contestação não há avanço e não há mudança”, fala a professora Wania Sant`Anna. “Relações Étnicas-raciais e Formação de Professores no Brasil: desafios e possibilidades para a promoção da Justiça Social” foi o título da sua conferência de abertura.
A palestra, mediada pela coordenadora geral do evento, professora Fernanda Almeida, trouxe uma análise histórica para o entendimento da configuração da luta do povo negro. “Hoje já é possível afirmar que o movimento negro contemporâneo já possui um legado. Um belíssimo legado, Nas última quatro décadas, fomos capazes de criar uma data cívica em contraponto ao dia de hoje. Fomos capazes de afirmar que o 13 de maio não era uma data suficiente para sustentar o ideal de liberdade com justiça social. Ao contrário, a lei áurea de 1888, com suas 17 secas palavras, transcritas em apenas dois artigos, nunca foi e jamais será suficiente para transmitir dignidade às pessoas negras deste país, jamais será suficiente às famílias que trazem em seu corpo e em sua histórias de vida familiar o passado de escravidão. O movimento negro brasileiro é a única organização social contemporânea que logrou instituir uma data cívica, o dia 20 de novembro”, declarou Sant`Anna.
Na mesa de abertura, além da presença da coordenadora geral do evento, Fernanda Almeida, estiveram presentes também o Pró-Reitor de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis (PROPAAE), Ronaldo Barros; a vice-diretora do CFP, professora Dyane Santos, e a secretaria municipal de Educação, Rita Luz. “Este é um dia muito especial. Não especial como historicamente ele apareceu nos livros didáticos. Esta é uma data de ressiginificação. Por essa razão, que o movimento social dos negros colocou o dia 13 de maio como o dia nacional de combate a discriminação racial, não é o dia da libertação dos escravos como historicamente foi divulgado pela ideologia oficial”, relata o pró-reitor Ronaldo Barros.
Mesas-redondas, minicursos, oficinas e palestras marcam o evento. Completa a programação, o lançamento dos livros “Agadá: diâmicada civilização africano-brasileira”, do professor Marco Luz e do livro "Negras (in) Confidências Bullying não. Isto é racismo! De Odara, Instituto da Mulher Negra são os lançamentos feitos durante o evento.