O II Seminário Regional sobre Experiências em Conservação da Mata Atlântica no Recôncavo Sul Baiano vai acontecer nos dias 17 e 18 de abril, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) de Cruz das Almas. A intenção é reunir agricultores, técnicos e estudantes para lançarem um olhar diversificado sobre como conservar o que resta do bioma Mata Atlântica na região.
O evento é uma iniciativa do projeto Ações Ambientais sustentáveis (PAAS), patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental, e já está em sua segunda edição, como explica a professora da UFRB e consultora do PAAS, Alessandra Caiafa: “a ideia do primeiro SerMata surgiu na primeira edição do PAAS, em 2010. Fazia parte do projeto um fechamento com as melhores ideias do projeto, os resultados e também buscando outras experiências”.
Desde a primeira edição, a intenção é voltar o evento tanto para agricultores quanto para os estudantes, “um formato menos acadêmico e que aproxima quem está na linha de frente da conservação, o pequeno agricultor. Esse ano, nosso grande desafio é triplicar o número de agricultores”, explica Alessandra. O evento, fruto da parceria da UFRB, do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá) e Grupo Ambiental Nascentes (Gana), contará com palestras, mesas redondas e grupos de discussão sobre 10 temas relacionados à conservação do bioma Mata Atlântica.
Agricultura e conservação ambiental
O foco no pequeno agricultor vem da necessidade de estabelecer um diálogo sobre métodos menos prejudiciais, de modo que a agricultura torne-se uma aliada e não inimiga da conservação da Mata Atlântica. “É preciso que haja conscientização e busca de novas práticas, mais conservacionistas em relação a solo, água, redução de desmatamento e melhoria de produção por área já desmatada. Com isso, eu vejo a agricultura como principal aliada da conservação da natureza. Já temos agricultores que timidamente iniciam essas boas práticas de conservação de água e solo, com isso certamente inverteremos o jogo”, defende Alessandra.
Para ela, o agricultor precisa ter em mente que a conservação ambiental propicia os chamados serviços ambientais, como a manutenção da água ou a polinização. Esses serviços ambientais são fundamentais à prática da agricultura e dependem de um meio ambiente equilibrado, portanto a agricultura pode ser beneficiada pela conservação, inclusive com melhora na produtividade.
Sociedade civil reivindica
Um dos obstáculos à conservação ambiental do Recôncavo Sul é a ausência do poder público, seja para fiscalizar ou empreender ações de educação ambiental. Alessandra completa: “outro entrave importante é a ausência de unidades de conservação. Na Serra da Jiboia, um remanescente importantíssimo, 22.000 hectares de mata bem preservada, nós temos apenas uma Unidade de Conservação, que é a RPPN Guariru. O que não deixa de ser uma ausência do poder público, porque a RPPN [Reserva Particular do Patrimônio Natural] é uma modalidade particular, de propriedade privada”.
Essa e outras reivindicações devem estar no documento que resultará do encontro. As discussões serão sistematizadas em uma carta contendo as principais demandas apontadas no encontro, que será entregue às instituições competentes. Será também um registro importante dos anseios da sociedade civil em relação ao futuro da Mata Atlântica no Recôncavo Sul baiano.
Confira a programação completa do evento.
Texto: Assessoria de Comunicação do Gambá.