O Herbário do Recôncavo da Bahia (HURB/UFRB) colaborou em uma pesquisa que objetiva revelar espécies, algumas em risco de extinção, na Serra de Carajás no sudeste do Pará. A pesquisa reúne 74 botânicos de 22 instituições do país e do exterior na sistematização da flora e contou com a participação da curadora do Herbário da UFRB, professora Lidyanne Aona do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB), especialista na Commelinaceae (família de monocotiledôneas).
A docente realizou a descrição de nove espécies ocorrentes em Carajás e contou com a colaboração de Grênivel Costa, servidor biólogo do HURB, para monografar a família da planta em parceria com a professora Maria do Carmo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O estudo foi publicado no artigo "Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Commelinaceae".
Segundo Aona, o Herbário tem um papel relevante na pesquisa. "Todos os trabalhos de sistemática vegetal são aparados pelo Herbário, sendo ele o depositário desse material para posterior estudo”, explica.
O servidor Grenivel conta que além da pesquisa descrever as espécies, elas são ilustradas por meio de uma chave de identificação que é feita para auxiliar os pesquisadores que forem trabalhar com a pesquisa no futuro através da mesma base de dados. “Esse estudo foi realizado com rapidez por conta de um bom esforço de coleta nas áreas da Serra. E nesse sentido, um herbário é muito importante para realizar a documentação da flora da região. Os herbários que tinham coletas de Carajás, encaminharam as amostras pra diversos herbários pelo país, incluindo o nosso. Conhecer a flora de um local é fundamental para pensar em políticas de conservação, e no caso de Carajás, pode ser útil para a recuperação de áreas impactadas pela mineração”, comenta.
O grupo de pesquisadores descreveu 600 espécies, entre samambaias, musgos e flores. O estudo, parceria do Museu Paraense Emílio Goeldi e do Instituto Tecnológico Vale (ITV), será publicado em três volumes da Rodriguésia, prestigiada publicação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O primeiro, lançado em março, descreveu 235 espécies.
A Floresta Nacional de Carajás tem 400 mil hectares. Entre 2% e 3% da região é de cangas. O Museu Goeldi fez as primeiras pesquisas sobre as plantas locais nos anos de 1970, no início da mineração em Carajás. Nos afloramentos de minério de ferro, onde não crescem árvores, pesquisadores iniciaram a coleta de pequenas plantas que recobriam a região. Já em 2015, botânicos voltaram às áreas de canga para nova coleta sistemática.
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