A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) realizou nesta terça-feira, dia 15, no auditório da Biblioteca do campus de Cruz das Almas, a aula magna do semestre letivo 2018.1. O palestrante convidado foi o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e diretor da Fundação Santillana no Brasil, André Luiz de Figueiredo Lázaro, que abordou o tema “A Universidade Pública no Brasil Atual: Futuro Incerto e Desafios Democráticos”.
Participaram da cerimônia de abertura o reitor Silvio Soglia, a vice-reitora Georgina Gonçalves, pró-reitores, diretores de Centros de Ensino e representantes das entidades das classes docente e técnico-adminsitrativa. Abrindo as atividades, foi exibido um vídeo com depoimentos da comunidade acadêmica acerca do tema abordado na aula. “É importante chamar todos para esse debate num momento histórico de ameaça às instituições. A UFRB tem um papel importantíssimo no seu território. É o momento de abraçar esse projeto e defender essa instituição”, disse a professora Ana Paula Diório, em um dos depoimentos.
Emocionado com as falas, o reitor disse que o evento era mais uma oportunidade de aprofundar as discussões sobre a educação pública e o que ela representa para o desenvolvimento do País. “Eu diria que são enormes os desafios da universidade pública no contexto atual, sem dúvida, adverso, mas acredito muito na dinâmica das nossas instituições, na capacidade e na força criadora das nossas comunidades, que superam esses momentos e é assim que a gente tem tentado estimular”, defendeu Soglia.
Direito à educação
O professor André Lázaro iniciou a sua fala ressaltando a responsabilidade e a coragem que se exige hoje de quem está alinhado com a defesa da universidade pública. Como primeiro tema do debate, ele centrou suas reflexões no conceito de democratização e defendeu as ideias do sociólogo francês François Dubet, para quem a questão deve ir além do acesso e passar também pela dimensão dos cursos, dos processos seletivos e do valor dos diplomas. “A educação brasileira, e a de qualidade ainda mais, sempre foi uma herança de classe. Mas educação não é herança, educação é um direito! Essa é a transição que o Brasil está vivendo, esse é o sentido da UFRB”, disse.
Para Lázaro, não é mais admissível defender um processo restritivo em nome de uma suposta qualidade. “Não podemos mais aceitar noções de qualidade que não sejam inclusivas, porque se restrição fosse sinônimo de qualidade, nós estávamos cheios de Prêmio Nobel e estamos longe disso”, assegurou. Baseado em estudos, ele explicou que se antes a exclusão na educação brasileira era pelo acesso, a pressão social ampliou o ingresso e a exclusão passou a ser pela reprovação, principalmente das crianças que não tiveram um ambiente familiar educado. “E a terceira exclusão é que estamos vivendo hoje, pelo não aprendizado”, afirmou o professor.
Agenda democrática
Ao final, Lázaro defendeu a construção de uma agenda da educação democrática. Para tanto, num cenário que ele classificou como arriscado e perigoso, disse ser importante ganhar a comunidade, no sentido de mantê-la informada, e dar valor à institucionalidade. “Precisamos prezar pelo funcionamento dos conselhos, das representações, é isso que garante a permanência da instituição. O nosso corporativismo não pode fazer o jogo do adversário”, alertou.
Encerramento
O reitor encerrou a aula magna agradecendo ao professor Lázaro por trazer à UFRB processos reflexivos profundos do ponto de vista de seu compromisso institucional. “Essa tem sido nossa luta diária: proporcionar a essa instituição a possibilidade de construir um projeto de educação no nosso País. Nenhuma divergência ideológica ou política pode se sobrepor aos espaços democráticos de participação e decisão”, disse.
Soglia também agradeceu as presenças do coordenador geral do Colegiado do Território do Recôncavo (CODETER), Eládio Bahia, e do diretor geral da Faculdade Adventista da Bahia (IAENE), Juan Choque Fernández.
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Assista a aula magna na íntegra:
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