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Caderno Sisterhood discute os impactos do genocídio na população negra

Pesquisas apontam que o número de jovens negros e negras assassinados no Brasil seja três vezes maior do que o de jovens brancos. A população negra tem seus direitos negligenciados na saúde, educação e segurança pública e isso tem reflexos nas estatísticas de mortes.
13/03/19 09:20 , 13/03/19 10:14 | 4002
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O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde (NEGRAS), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), lança o terceiro volume do Caderno Sisterhood, que discute, em suas 197 páginas, a intolerância e o preconceito nas mais diversas esferas da sociedade contra a população negra, manifestada pelo crescente número de mortes e pelo desrespeito aos direitos que proporcionariam melhores condições sociais de vida.

Essa edição traz como temática “O Genocídio negro: impactos na saúde das mulheres, juventude, comunidades tradicionais e comunidade LGBT”. O genocídio é o extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso.

Embora considerado um Estado Democrático, as pesquisas apontam que a população negra, no Brasil, tem seus direitos negligenciados na saúde, educação, segurança pública e que isso tem reflexos nas estatísticas de mortes. Não é casualidade que, no país, o número de jovens negros e negras assassinados seja três vezes maior do que o de jovens brancos.

Os artigos publicados tratam de “Mortes praticadas pela Polícia Militar da Bahia: uma revisão de literatura”; “Autoavaliação negativa de saúde em mulheres negras e brancas associada às características sociodemográficas no Brasil”; “Juventude negra no Brasil: para uma desconstrução de um corpo marginal e descartável”; “A questão racial no discurso de guerra às drogas”; “Violência institucional contra a mulher negra em situação de abortamento”; “Feminicídio no Brasil e os impactos do racismo: Uma Revisão da Literatura”; “Mulheres apenadas no conjunto penal feminino: a função ressocializadora na prevenção da reincidência”; “Pertencimento Étnico e a Formação da Identidade do Homem Quilombola: Diante da Paternidade na Comunidade de Barra do Brumado Rio de Contas Bahia”; “Estudo sistemático sobre a prevalência/incidência de doenças hipertensivas específicas da gravidez (DHEG), segundo raça/cor no Brasil (2010-2015)” e “O Genocídio do povo negro no Brasil de Abdias do Nascimento ao Mapa da Violência”. 

A terceira edição do Caderno Sisterhood tem, também, relatos de experiências, poesias e resenhas.
O Caderno Sisterhood, com periodicidade semestral, tem como compromisso incentivar e divulgar artigos científicos, resenhas, relatos de experiências, entrevistas e outras modalidades de produção que tenham como escopo a saúde da população negra e suas interfaces.

NEGRAS

O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde (NEGRAS) é um grupo de estudo e pesquisa de natureza interdisciplinar que se propõe a discutir o processo saúde-adoecimento-cuidado, nas perspectivas de gênero e de raça.

O grupo tem por objetivo promover estudos, pesquisas e intervenções que possibilitem a reflexão sobre a situação de saúde de grupamentos e coletividades, considerando as dimensões raciais e de gênero.

No Brasil, o racismo permeia as relações, interfere na mobilidade social e dá suporte à manutenção das desigualdades. A luta da sociedade civil, através de diversas organizações, intituladas como "Movimento Negro" provocou a resposta do governo através de algumas ações como a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, a promulgação da Lei 10639, que inclui a história e cultura afro-brasileira nos currículos do ensino fundamental e médio, e em 2009, a promulgação da Política Nacional de Saúde da População Negra pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de responder às demandas específicas de saúde desse grupo populacional.

Apesar de todos os esforços, o racismo continua sendo uma mazela da sociedade brasileira e o racismo institucional é uma das vertentes mais fortes da ideologia racista, pois está localizado e se manifesta através de ações discriminatórias e na oferta de serviços de má qualidade por parte das instituições governamentais e não governamentais, particularmente, a determinados grupos sociais por conta do seu pertencimento étnico racial, ou por sua orientação religiosa, sexual, de gênero, geração, entre outros.

O grupo entende que para que o Brasil se torne uma nação mais justa e humana, livre de iniquidades e respeitando a diversidade característica de sua formação, se faz necessária uma mudança de comportamento ou de atitude, que é precedida pela mudança de valores e concepções. Neste sentido, não basta a criação de leis e políticas. É preciso garantir que estas se tornem efetivas e sejam incorporadas ao cotidiano da vida social. Para tal, o debate sobre equidade em saúde, nas perspectivas racial e de gênero deve estar presente em todos os níveis da sociedade.

A universidade, nesse contexto, possui uma grande responsabilidade, na medida em que é formadora não só de profissionais, mas de cidadãos com o compromisso de melhoria das condições sociais de vida. Portanto, a formação de um grupo de estudo e pesquisa sobre saúde, na perspectiva racial e de gênero é um ponto de partida para a assunção deste compromisso.

A publicação está disponível em: https://www2.ufrb.edu.br/cadernosisterhood/edicao-atual

www2.ufrb.edu.br/negrasccs

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