Pesquisa da UFRB resulta em coleção de variedades de Jaqueira, composta por clones de elite
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O Professor da UFRB Paulo Cezar Lemos de Carvalho e o estudante Alberico Raimundo Santana, durante uma pesquisa sobre a jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.) coletaram diversas variedades de qualidade superior, clonando-as e conservando-as em uma pequena propriedade. Esta é a primeira vez, na Bahia, que a espécie frutífera ganha um mine banco de germoplasma. A coleção de clones de elite visa conservar genótipos com características desejáveis e que possam servir futuramente como matrizes fornecedoras de material de propagação (garfos) para produtores de mudas e agricultores que tenham interesse neste cultivo.
Professor Paulo Cezar explica que não se trata de um banco de germoplasma propriamente dito, por não contemplar parte considerável da variabilidade genética existente no Brasil e nos centros de diversidade da espécie. A coleta foi realizada em quatro municípios. No entanto, para fins comerciais, a coleção deve cumprir o seu papel, principalmente por proteger estas variedades da ação depredadora desenvolvida por interessados na madeira da jaqueira, afirma o pesquisador.
O mine banco foi iniciado em agosto de 2005 na propriedade particular do pequeno agricultor Sr. Irineu Barbosa, na localidade denominada Pau d'Alho, município de São Felipe, a cerca de 165 km de Salvador. As variedades devem iniciar a frutificação no final de 2008/início de 2009. Além de ceder a área para o plantio, o pequeno produtor participa ativamente da atividade de pesquisa/extensão. A parceria consiste na assistência técnica fornecida pelo pesquisador extensionista da UFRB, já que Professor Paulo visita a propriedade uma vez por semana, e no cuidado diário do pequeno agricultor, que depois poderá vender as frutas. Para o pesquisador a parceira tem vantagens para as duas partes, já que dispor de uma coleção como esta requer cuidados e custos que muitas vezes são irregulares nos órgãos públicos.
A jaqueira é uma frutífera provavelmente originária das florestas úmidas do oeste da Índia, que foi trazida para o Brasil pelos portugueses no século XVI e atualmente está bem concentrada no Estado da Bahia, principalmente no Recôncavo e região cacaueira, onde seus frutos são utilizados na alimentação humana, sendo consumidos "in natura" ou após serem processados, na forma de doces. A planta constitui uma tradicional e importante base alimentar para os animais domésticos que acompanham o pequeno agricultor. O problema é que a frutífera tem sido exterminada, em função da transformação da madeira da jaqueira em esquadrias. Isto pode constituir um risco para o desabastecimento de frutos, causando um grave problema na zona rural, segundo o pesquisador.
Professor Paulo Cezar explica que a derrubada também acontece para o aproveitamento da lenha ou ainda na produção das fogueiras durante as festas juninas. Esta atividade é executada por pessoas que moram na periferia das cidades, que buscam desta forma encontrar renda temporária. No entanto, o que se observa é que as árvores abatidas constituiriam a base alimentar destas mesmas famílias no período do verão. Portanto, o que se verifica é que a planta que alimenta no período de seca (novembro a março) é queimada no inverno, durante as safras de amendoim, laranja, milho e feijão.
Como normalmente a jaqueira é propagada por sementes e as plantas nascem nos locais onde algum fruto foi consumido, não há planejamento prévio para formação do pomar ou cultivo em larga escala.
O mine banco de germoplasma é composto das seguintes variedades, coletadas dos respectivos municípios:
Denominação
| Polpa
| Localidade
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Santiago
| Mole
| Pau d'Álho - São Felipe
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Gia
| Mole
| Pau d'Álho - São Felipe
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Barroca
| Mole
| Conceição Velha - São Felipe
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Areia
| Mole
| Araçá - São Felipe
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Pretinha
| Mole
| Vapor - São Felipe
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Pingo de mel
| Dura
| Conceição Velha - São Felipe
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Tapera
| Dura
| Tapera - Cruz das Almas
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Roxinha
| Dura
| Santo Antonio de Jesus
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Itapicuru
| Dura
| Gandu
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Itaparica
| Dura
| Itaparica - São Felipe
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