O estudante da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Danrlei de Oliveira Moreira, recebeu o Prêmio Lélia Gonzalez de melhor artigo, durante a 33ª Reunião Brasileira de Antropologia, ocorrida de 28 de agosto a 3 de setembro.
O artigo intitulado "Cês acharam que eu ia morrer cedo? Narrativas e projetos de vida de jovens homens negros em Cachoeira-BA" discute "o que estou vivendo nesse momento: que são projetos de vida de jovens homens negros de Cachoeira. A partir da perda de amigos, e do sentimento de isolamento na faculdade, dos meus iguais. Procurei a partir de um viés antropológico e nativo, saber e compreender quais eram e como se estabeleceram projetos vitais de 3 jovens do bairro da Rua da Feira, um dos bairros com maior estigma social dentro da cidade de Cachoeira", explica Danrlei.
Para o estudante, "Cachoeira esconde através de seus títulos históricos, uma série de necropolíticas aplicadas direta e indiretamente pelo Estado brasileiro. Nesse sentido busquei entender através das narrativas desses jovens e suas mães, qual efetividade subjetiva que esses jovens têm em suas trajetórias, e, como estão construindo vida em um cenário de morte engradado pelo Estado".
Danrlei integra o grupo de pesquisa Patrimônio, Territorialidade e Violência, orientado e coordenado pelo professor Osmundo Pinho; tem 28 anos, é cachoeirano, MC, agitador cultural na cidade onde realiza oficinas de rap em escolas públicas e bairros periféricos com atuação no Recôncavo baiano.
O artigo foi selecionado e premiado na categoria graduação por um Comitê de Antropólogos Negros da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e visa estimular novas carreiras, dando visibilidade à produção original e de reconhecida qualidade acadêmica de pesquisas desenvolvidas na graduação e na pós-graduação, em universidades brasileiras, por estudantes negros.
Danrlei é estudante do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Cultura, Desigualdade e Desenvolvimento (PPGCS), do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL). Formou-se no bacharelado em Ciências Sociais pela UFRB defendendo a monografia “Cês acharam que eu ia morrer cedo? Narrativas e projetos de vida de jovens homens negros em contexto de antinegritude, uma análise no bairro rua da feira, em Cachoeira- BA".
Prêmio Lélia Gonzalez
O prêmio é um reconhecimento à contribuição do pensamento de Lélia Gonzalez à Antropologia brasileira e à luta contra o preconceito, a discriminação e o racismo. Lélia Gonzalez foi pioneira nos estudos sobre Cultura Negra no Brasil e cofundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ), do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Olodum.
O Concurso de âmbito nacional e tem por objeto a seleção de Melhor artigo de recém-graduado (Modalidade 1), com resultado de pesquisa antropológica desenvolvida na graduação entre os anos de 2020 e 2022, em universidades brasileiras; Melhor dissertação de mestrado (Modalidade 2); e Melhor tese de doutorado (Modalidade 3), defendidas entre os anos de 2020 e 2022, na área de antropologia social.