Entre os dias 19 e 23 de outubro, dois projetos de pesquisa desenvolvidos na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) serão apresentados à tripulação da missão Darwin200, uma expedição internacional que refaz o trajeto do naturalista britânico e conta com a participação de pesquisadores de diversos países. Os estudos selecionados para o Darwin200 tratam da ecologia do boto cinza e dos impactos humanos sobre os golfinhos, ambos tendo a Baía de Todos os Santos como local de pesquisa.
O professor Marcos Rossi Santos, coordenador dos dois projetos, explica que, além do próprio comportamento dos animais, as pesquisas também são voltadas para a ecologia acústica, que analisa o ambiente acústico no qual o animal vive e os sons que a própria espécie produz, sejam eles para comunicação ou para encontrar presas para se alimentar, por exemplo. O campo de estudo também abrange os potenciais impactos de ruídos de plataforma de petróleo ou de embarcação nos ambientes aquáticos.
A ecologia comportamental de mamíferos marinhos no Brasil é tema de pesquisa do professor Marcos Rossi há mais de 20 anos. Ao ingressar na UFRB, em 2014, fundou o Laboratório de Ecologia Acústica e Comportamental (LEAC), onde os projetos selecionados para o Darwin200 são executados.
O primeiro passo da execução dessa parceria será a apresentação dos projetos à tripulação do Darwin200, que acontece nesta quinta-feira (19), por meio de uma palestra do professor Rossi. Já no período de 20 a 22, o docente será acompanhado por um estudante cabo-verdiano e um austríaco em uma expedição, em barco próprio, em busca de golfinhos para registro dos sons dessa espécie. De volta à embarcação do Darwin200, em 23/10, os pesquisadores se reunirão para discutir o que foi visto in loco.
A participação dos estudantes internacionais é um dos diferenciais da missão Darwin200, que além da tripulação composta por pesquisadores internacionais renomados, também contempla jovens de todo mundo, selecionados em razão do envolvimento com trabalhos de conservação do meio ambiente. Em cada porto, a expedição receberá novos integrantes, que ficarão por uma semana a bordo da embarcação. Nesse período, os chamados líderes Darwin200 estudarão um habitat ameaçado ou uma das espécies da fauna ou flora que Charles Darwin pesquisou na viagem original. Como resultado da imersão, os jovens poderão levar conhecimento sobre preservação da natureza para suas localidades.
Para o professor Rossi, a participação em um projeto como o Darwin200 é enriquecedora e pode trazer resultados positivos para a pesquisa já que é uma forma de chamar a atenção do mundo para a Baía de Todos os Santos, a segunda maior do país. “O projeto Darwin200 é extremamente interessante para área de biologia, de conservação da natureza. Eles estão planejando esse projeto há dez anos e carregam uma contribuição social enorme. A troca com eles, falar do nosso trabalho, tirar dúvidas, tudo é muito positivo. Com os vídeos que serão produzidos sobre os nossos projetos, os problemas ambientais da Baía de Todos os Santos serão levados para o mundo. É importante a gente se antecipar aos problemas ambientais”, afirmou.
Darwin200
A viagem global Darwin200 teve início em agosto deste ano, na cidade de Plymouth, Inglaterra. Com duração prevista até 2025, o projeto pretende reconstituir a viagem feita por Charles Darwin que viria a ter papel central para a popularização das teorias evolutivas biológicas.
Entre os objetivos dessa nova expedição, estão a capacitação de 200 jovens de todo mundo; a inspiração do público por meio de aulas virtuais e gratuitas e a resolução de problemas reais de conservação através de projetos interativos de pesquisa científica cidadã.
O Darwin200 tem importantes nomes como patronas, a exemplo de Sylvia Earle, oceanógrafa, exploradora, autora e palestrante estadunidense; Jane Goodall, primatóloga britânica; e Sara Darwin, tataraneta de Charles Darwin.
No Brasil, a embarcação já passou por Fernando de Noronha, em Pernambuco, e após o período em Salvador, seguirá para o Rio de Janeiro.
Na Bahia, o Darwin200 selecionou, além dos projetos desenvolvidos na UFRB, o Projeto Tamar.
Saiba mais sobre o Projeto Darwin200.
Conheça o trabalho do LEAC.