Na tarde de terça (21), no Centro de Formação de Professores (CFP), Campus de Amargosa, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) deu início à 17ª edição do Fórum Pró-Igualdade Racial e Inclusão Social do Recôncavo. A solenidade teve tradução em Libras e transmissão pela TV UFRB.
Estiveram na mesa de abertura, a reitora da Universidade, Georgina Gonçalves; a diretora do CFP, Creuza Souza Silva; a pró-reitora de Políticas de Ações Afirmativas e Assuntos Estudantis, Denize de Almeida Ribeiro; a pró-reitora de Graduação, Carolina Fialho; a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação, Criação e Inovação, Simone Alves Silva; o coordenador de políticas afirmativas, Iure Santos Souza; a representante da comissão local dos professores, Yérsia Assis; a representante dos estudantes, Ludymila Sena; o representante do Conselho de Igualdade Racial de Amargosa, Babá Alício d'Oya; e o professor Esras Oliveira de Souza, representante do Núcleo Territorial de Educação (NTE 09) de Amargosa.
A coordenadora de cultura do Ministério dos Povos Indígenas, Chirley Pankará, fez a primeira conferência de abertura, intitulada "Perspectivas afroindígenas: Diásporas, identidades e caminhos antirracistas". Antes de começar a falar, ela, de pé, entoou um canto indígena e explicou sua origem, a aldeia Pankará, localizada entre os atuais municípios de Floresta e Carnaubeira da Penha, em Pernambuco.
A indígena Chirley Pankará é pedagoga, mestra em Educação e faz doutorado em Antropologia na Universidade de São Paulo (USP). Ela falou sobre o Programa Federal de Ações Afirmativas lançado no Palácio do Planalto no último Dia da Consciência Negra, que, entre as várias ações, institui a língua indígena de sinais (diferente de Libras) para todos os povos indígenas. Ressaltou que os indígenas foram silenciados desde o ano de 1.500, com a invasão dos colonizadores europeus em solo brasileiro, e que, agora, com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, passaram a ter, oficialmente, voz; especialmente ela, por ser mulher, nordestina e indígena.
Afirmou também que rompe com a academia ao citar autores indígenas em trabalhos acadêmicos e estudá-los, sempre que possível, na discussão teórica de temas, sob a perspectiva de conhecimentos dos indígenas. Disse rebater críticas preconceituosas de colegas que a julgam por ser cotista e indígena. Para Chirley, há uma resistência com relação ao entendimento de que existem conhecimentos milenares fora dos ambientes escolares. Ela sugeriu que a USP faça, periodicamente, seminários sobre a etnologia dos povos indígenas do Nordeste, para mostrar a riqueza de conhecimento e saberes provindos desses povos, sobre os mais variados temas.
Sobre questões de preservação de memória e ancestralidades indígenas, Chirley Pankará citou que sua pasta no Ministério dos Povos Indígenas está trabalhando para localizar vestimentas e objetos indígenas que, durante o processo de colonização brasileira, foram levados para o exterior e se encontram em museus e coleções particulares. Segundo ela, "a vestimenta é sagrada" e objeto "material e imaterial", carregado de ancestralidade e espiritualidade.
A diretora do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da UFRB, socióloga e doutora em Educação, Dyane Brito, fez a segunda conferência de abertura, falando sobre relações raciais, políticas afirmativas e permanência no ensino superior, tema que a professora pesquisa há duas décadas.
A programação deste primeiro dia de Fórum no CFP seguiu com apresentações artísticas, de Hip Hop, de Ras Elias e Banda e, por fim, do espetáculo Medéia Negra.
O Fórum é uma ação de forte apelo popular para realizar discussões, reflexões e encaminhamentos na direção de uma sociedade mais justa, igualitária e que se propõe a combater o encarceramento do povo negro, a intolerância religiosa, o racismo e o preconceito em todas as suas instâncias: sociais, raciais, étnicas e de gêneros.
Presenças - Estiveram presentes na abertura do Fórum 2023, a diretora do CAHL, Dyane Brito; a diretora e a vice-diretora, respectivamente, do CECULT, Rita de Cássia Dias e Viviane de Freitas; o diretor do CETEC, Adson Mota Rocha; o vice-diretor e o gerente técnico do CFP, respectivamente, Fernando Henrique Tisque e Josevando Santos Pereira; além de professores, pesquisadores e estudantes da UFRB dos diferentes campi, estudantes do ensino médio de Amargosa e pessoas da comunidade.
Mais sobre o Fórum 2023 em ufrb.edu.br/forum2023.
Álbum de fotos: