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Ensino

UFRB celebra formatura de primeira estudante tetraplégica: história de superação e inspiração

05/11/24 10:03 , 05/11/24 10:03 | 1354
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Ao deixar a cidade de Amélia Rodrigues, em 2018, para cursar Serviço Social em Cachoeira, Raimunda Batista enfrentou incertezas e precisou se reinventar para lidar com inúmeros desafios. Com muita coragem e determinação, ela se tornou a primeira estudante tetraplégica a se formar na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. A cerimônia de colação de grau foi realizada em 25 de setembro de 2024, no auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB).

Raimunda conta que a decisão de voltar a estudar, após o acidente que a deixou tetraplégica, surgiu a partir de uma conversa com uma amiga de infância. “Eu relatei que não aguentava mais ficar sem fazer nada, ainda mais que minha vida era bem movimentada e de repente tudo mudou completamente. Fiz o ENEM e fui contemplada; sou cria de cota para pessoa com deficiência”. Ela escolheu a UFRB, destacando que “um dos motivos foi por ser uma universidade renomada que nasceu a partir de lutas sociais históricas”. A escolha pelo curso de Serviço Social, inicialmente por conveniência, logo se transformou em identificação e paixão pela área.

Morando sozinha em uma cidade diferente, Raimunda diz que contou com a ajuda de colegas na adaptação à Cachoeira e à UFRB. Os primeiros anos foram mais desafiadores, com a falta de acessibilidade arquitetônica, metodológica e pedagógica. No entanto, essas dificuldades e nem mesmo a pandemia da Covid-19 a fizeram desistir do curso. Ela recalculou a rota e voltou para Amélia Rodrigues, continuando a assistir às aulas on-line.

Com a volta das aulas presenciais, Raimunda começou a viajar 50 quilômetros entre Amélia Rodrigues e Cachoeira, duas ou três vezes por semana. Para isso, contou com o transporte fornecido pela UFRB, além de uma profissional de enfermagem para auxiliá-la e de outras ações do Núcleo de Políticas de Inclusão (NUPI). “Tive apoio de estudante apoiador, professora tutora, enfermeira, Kit PCD, transporte, mas nada disso foi fácil para que eu pudesse ter acesso tive que lutar muito para conseguir”, relembra.

Nos seis anos que passou na UFRB, Raimunda guarda carinho pelos colegas e por alguns professores que a apoiaram, como aqueles que a ajudavam a ir ao pátio durante os intervalos das aulas. “Eles tiveram empatia. Também conheci um cara muito gente boa que virou meu irmão, Felipe Gomes. Enfim, minha turma de 2018 foi a melhor, e sou grata a todos que conheci, especialmente no final do curso”.

Primeira entre os nove irmãos a se formar em um curso superior, Raimunda compartilha que, graças à sua experiência, dois de seus irmãos e uma cunhada já voltaram a estudar. Ela acredita que sua história também pode ser inspiradora para outras pessoas com deficiência. “Esse é o nosso lugar, independente do que vão falar, exigir. A partir do momento que a instituição oferta a vaga, ela precisa estar preparada. Eu faria tudo de novo. Não me arrependo de ter aceitado esse desafio. É um sonho, um mix de muitos sentimentos. O tempo todo pessoas com deficiências precisam provar que são capazes. Quero que tenham muitas Raimundas nesses espaços acadêmicos", declara.

Movida por desafios e se negando a aceitar as limitações impostas pela sociedade, Raimunda já tem planos para o futuro. Ela quer seguir estudando para prestar concurso público e, assim, atuar na área de formação.

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