Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha
Dia Internacional da Mulher Afro-latino-americana e Afro-caribenha: um convite à reflexão
Por Ana Paula Santos e Sarah Sanches
Em 1992, na República Dominicana, aconteceu o I Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. Com a representação de 70 países, o Encontro foi realizado com o objetivo de se debater as problemáticas e lutas específicas das mulheres negras destes países, já que os movimentos de luta feminista da Europa não incluíam as demandas das mulheres negras em seus debates. Como resultado do Encontro, estabeleceu-se não somente a criação de uma rede de mulheres da América Latina e do Caribe, como também a definição da data 25 de julho como marco internacional das lutas, resistência e organização destas mulheres.
A data objetiva ser um acontecimento dinamizador internacional da resistência e luta da mulher negra enquanto sujeito de direitos, fortalecendo a identidade desta mulher e possibilitando a construção de movimentos e estratégias para o enfrentamento e emancipação das opressões de gênero e étnico-raciais. Embora cada vez mais mulheres negras venham ocupando espaços e posições que lhe foram historicamente privadas, como as Universidades, a política, a economia, segmentos do mercado de trabalho não subalternizados, ainda são alarmantes os resultados das pesquisas mais recentes sobre as condições de vida e trabalho da maior parte das mulheres negras e às violências as quais ainda se encontram submetidas. As barreiras que se impõe para a emancipação da mulher, e especificamente para a mulher negra, construídas sob a égide da discriminação racial e do preconceito de gênero e de classe ainda são muitas, e só poderão ser derrubadas através do incessante debate, luta, visibilidade e reconhecimento das demandas destas mulheres que, juntas, representam hoje mais da metade da população feminina brasileira.
Contribuir com a ampliação e a visibilidade do 25 de julhos são tarefas do Estado e de todos os movimentos, coletivos, grupos e pessoas que se ocupam da luta contra o racismo, o sexismo e a exploração de classe.
Dia Nacional de Tereza de Benguela Rumo a Marcha Nacional das Mulheres Negras
Segundo informações do “Dossiê mulheres negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil” publicado em 2013 fruto de pesquisa publicada pela ONU Mulheres em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) existe uma impacto do racismo e do sexismo na vida das mulheres negras na educação, mercado de trabalho, economia do cuidado, pobreza e desigualdade de renda, vitimização e acesso à justiça.
Por este motivo mulheres negras de todo país estão unidas na organização da Marcha das Mulheres Negras contra o racismo e a violência pelo bem viver que ocorrerá em Brasília, 13 de maio de 2015, considerado o dia nacional de denúncia contra o racismo.“A marcha é importante, pois é uma forma que encontramos de articular politicamente as mulheres negras em âmbito nacional e também estratégica para pensar o lugar que as mulheres negras ocupam nesta sociedade e dizer o que queremos, a marcha tem o papel de fomentar a discussão nacional”, disse Maria Lúcia da Silva do Instituto AMMA Psique e Negritude uma das organizadoras da marcha.
Hoje, 25 de Julho – Dia da Mulher Afrolatinoamericana e Afrocaribenha - foi publicado o manifesto nacional da marcha das mulheres negras cujo objetivo é denunciar o racismo e o sexismo e lembrar de referências importantes como Tereza de Benguela, líder quilombola do século XVIII que chefiou o Quilombo do Piolho ou Quariterê em Cuiabá, Mato Grosso. Sob sua liderança, a comunidade negra e indígena local resistiu à escravidão durante duas décadas.