A biblioteca municipal da cidade de São Félix teve uma queda significativa no número de pessoas que a visitam diariamente, e o motivo principal é o crescimento das consultas e leituras através da grande rede.
O espaço é bem localizado na cidade, fator que ainda atrai estudantes a visitarem o local. A biblioteca é relativamente grande, bem organizada e está muito bem conservada, mas esses pontos em questão não são decisivos na hora de alguém resolver consultar um livro ao invés do computador. O grande aumento do número de lan-houses na cidade acaba também por atrair o público, já que atualmente esses estabelecimentos são encontrados por todas as partes, e, consequentemente mais fáceis de serem freqüentados. A internet permite também não apenas pesquisar sobre determinado assunto, mas acessar outros sites com uma variedade incalculável de temas e que perpassam pelas notícias, informações, entretenimento e etc. As pessoas têm oportunidade de navegar em ambientes extremamente variados sem sair da grande rede, enquanto que no livro estariam restritas ao objeto pesquisado.
Uma das poucas desvantagens nítidas do freqüente uso da internet é o fato de que este serviço é mais comumente em estabelecimentos comerciais, ou seja, para usá-lo é preciso pagar pelo tempo de uso, já as bibliotecas permitem o uso gratuito de seus livros. Mas esse é um dado que será rapidamente ultrapassado, já que os centros de inclusão digital estão sendo implantados em muitos lugares e atingirão um número cada vez maior de pessoas, independente de suas condições financeiras.
As conseqüências da febre tecnológica são sentidas nos espaços de leitura. Segundo a agente administrativa Josenita da Silva, 45, responsável pelo estabelecimento no período vespertino, atualmente os leitores vão à biblioteca para ter acesso à revistas e jornais. Por dia, em média 60 pessoas passam por lá, em sua maioria adolescentes e estudantes. É um número ainda considerável, mas bem menor se comparado à freqüência de algum tempo atrás. “Às vezes a gente tem os livros com os assuntos desejados, mas os leitores não querem, porque tudo via internet acaba sendo mais fácil de ser pesquisado”, afirma Josenita.
Mas ainda existem fiéis freqüentadores da biblioteca que acreditam que o espaço não será tão facilmente substituído pelo computador. “Existem algumas crianças com faixa etária de 8 a 9 anos que passam o dia aqui lendo livros de física ou de matemática”, conta Josenita. Este dado revela o interesse de alguns puramente pelos livros e por uma leitura mais prazerosa que só pode ser adquirida através deles. “Acredito que, enquanto houver um interessado por um exemplar aqui da biblioteca, nossas portas estarão abertas”.
Por Mariana Monte e Lise Lobo