Técnicos de países africanos de língua portuguesa (PALOP) estarão até o dia 28 de novembro participando do IV Curso Internacional sobre Produção de Frutas Tropicais, na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas – BA. O objetivo do curso é oferecer oportunidade de aperfeiçoarem os seus conhecimentos sobre técnicas de produção e pós-colheita de fruteiras tropicais, sob condições de agricultura familiar e empresarial. O curso conta ainda com a participação de dois técnicos do Ministério da Agricultura do Paraguai.
Os técnicos serão multiplicadores em seus países. Eles são funcionários de instituições de pesquisa e extensão rural em Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Moçambique e irão trabalhar, principalmente, com fruticultura tropical. Há sete anos acontece esse evento, no mesmo período, em Cruz das Almas. O curso é resultado de um acordo de cooperação técnica entre Brasil e Japão, através do Ministério das Relações Exteriores, Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA), principal agente financiador. Além de fruteiras, houve também transferência de tecnologias para a produção e processamento de mandioca.
Cândida Cardoso, engenheira técnica agrícola e representante do Ministério da Agricultura de Cabo Verde, relata sobre a importância desse curso para o desenvolvimento agrário do seu país, uma vez que parceiros e ONGs tem interesses em financiar projetos, além de aprender e adaptar os conhecimentos na área de tecnologia para o setor agrícola deste arquipélago constituído por dez ilhas, localizado na Costa da Guiné: “Sempre a gente acaba levando novas experiências”, destaca. Paulina Barreto, representante do governo de São Tomé e Príncipe, fala que o intercâmbio para o seu país é muito importante, visto que ele não se encontra em uma boa situação no contexto organizacional agrário, onde não possui dados estatísticos: ”Existe fruticultura, mas está numa forma muito dispersa”, conta.
AGRICULTURA- Cândida Cardoso descreveu a situação climática para o desenvolvimento agrícola em Cabo Verde, que sofreu com a escassez de chuvas durante um período longo: “Passamos a viver quatros anos que não chove, mas graças a Deus, este ano está a chover muito”. O país também conta com a ajuda de parceiros internacionais, principalmente dos EUA com quem firmou um convênio em 2006. O Millenium Challenge Account é um projeto que visa desenvolver a agricultura de uma forma mundializada, permitindo ao agricultor caboverdiano entrar no mercado comercial. Em São Tomé e Príncipe, Paulina relata a parceria que as ilhas africanas têm com Taiwan, que levou amostras de frutas produzidas, além do potencial encontrado na produção de Cacau, que é importado pelos países europeus, principalmente Suíça e Noruega.
PARAGUAIOS- O Paraguai enviou dois pesquisadores do Ministério da Agricultura para Cruz das Almas. Pedro Juan aborda sobre a importância deste curso, pois há o interesse de introduzir as técnicas oferecidas em solo guarani. Apesar de ser um país pequeno e com um atraso tecnológico, o Paraguai tem um potencial para a produção agrícola, no que diz respeito à exportação de fruteiras: “Dá para produzir de tudo, mas não com o clima especial como o do Brasil.” Pedro Juan salienta que o nível tecnológico baixo afeta a qualidade dos produtos. Quanto a citricultura, sessenta por cento do que é produzido vai para os vizinhos Brasil e Argentina.
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Por Gustavo Medeiros e Orlando Silva