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Feminicídio: o assassinato de Elitânia de Souza e o extermínio das mulheres negras

02/12/19 20:55 , 03/12/19 11:45 | 6270

O assassinato de Elitânia de Souza, mulher negra, líder quilombola e estudante de Serviço Social da UFRB, ocorrido no último dia 27/11, não é um caso isolado, mas faz parte do genocídio continuado da população negra brasileira. Segundo o Atlas da Violência (2019), 75% das pessoas assassinadas no Brasil são negras. 

As mulheres negras correspondem a cerca de dois terços (66%) do total de vítimas de homicídios femininos no país. Na maioria dos casos, o crime é cometido pelo parceiro, com arma de fogo e em suas casas. A proximidade dos criminosos e o contexto domiciliar indicam que estas mortes têm relação com violência de gênero e podem ser tipificadas como feminicídio, ou seja, as vítimas morreram por serem mulheres.

Este número vem crescendo significativamente na última década, especialmente nas regiões Nordeste e Norte. O aumento foi de 60%, enquanto houve crescimento de 1,7% dos assassinatos de mulheres não negras.  Diversos fatores contribuem para esse quadro alarmante de violência letal contra mulheres negras mesmo após a implantação da lei Maria da Penha.

A questão principal é a interseccionalidade entre a violência de gênero e a racial. Mulheres negras formam o grupo social com pior remuneração e são responsáveis integralmente pela criação de seus filhos (por abandono, assassinato ou encarceramento sistemático dos homens negros), o que contribui para o processo de “feminilização da pobreza”. Vivem em territórios de exclusão social sujeitas a todo tipo de violência e enfrentam dificuldade de registro de queixa em delegacia especializada, quer seja pela distância ou impossibilidade de se proteger e aos seus filhos após a denúncia. Além disso, sofrem com racismo e misoginia ao tentar buscar proteção, o que é mais um obstáculo ao acesso à justiça.

O assassinato de Elitânia fala sobre o terror que acompanha todas as mulheres, todos os dias nas ruas e, principalmente, nas nossas casas. Fala sobre uma sociedade que se alimenta da morte das mulheres em vida, que destrói a saúde mental de gerações, que autoriza o aniquilamento de mulheres negras e seus filhos. A mesma sociedade que forma masculinidades nos moldes da violência patriarcal do colonialismo e isso precisa ser desnaturalizado.

Cruz das Almas, 02 de dezembro de 2019.

Reitoria da UFRB

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