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Doutorado

Pensar-Viver-Rio: O PPGCOM celebra a conquista do Doutorado! 

Por Lila Santos  | Mestranda em Comunicação

 

Omi tutu: tudo começa com a água...

Omi tutu
Omi tutu Èşú
Omi tutu Onilé
Omi tutu Egungun
Omi tutu Onã
Omi tutu Mo Jùbá o!

Água que acalma
Água que acalma Exu
Água que acalma a Terra
Água que acalma os Ancestrais
Água que acalma os caminhos
Água que acalma, eu te saúdo!

Saudamos quem rompe na guerra! O nosso Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) teve o curso de doutorado aprovado no último mês de novembro de 2024, ampliando as possibilidades de desenvolver mais pesquisas no Recôncavo Baiano, às margens do Rio Paraguaçu.

Localizado na divisa entre as cidades de Cachoeira e São Félix, o PPGCOM, que possui área de concentração em ‘Mídia e Formatos Narrativos’, foi aprovado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), em 2017. Na ocasião, a entidade passou a ofertar o curso de mestrado com duas linhas de pesquisa: ‘Comunicação e Memória’ e ‘Mídia e Sensibilidades’.

Atualmente, a instituição responde a uma demanda por formação acadêmica avançada e incentivo à pesquisa científica no interior da Bahia. Nesse contexto, o programa já está se preparando para elaborar o primeiro edital do processo seletivo do curso de doutorado, com previsão de lançamento ainda em 2025 e início das aulas no começo de 2026.

Após a novidade, entrevistamos duas professoras que acompanharam e participaram do processo de proposição do curso de doutorado. Além disso, conversamos com uma discente do mestrado e duas egressas, a fim de obtermos um panorama detalhado sobre o trabalho realizado, os desafios superados, a relevância desse mergulho significativo e expectativas. Foram elas - por ordem de apresentação: Daniela Matos, Lílian Reichert, Ianca Oliveira, Lorena Carneiro e Anamelia Rocha.

 

(Re) encantando mundos
A partir de uma discussão no âmbito do Colegiado do Curso, foi aprovada, por unanimidade, a deliberação de submeter uma proposta de curso de doutorado ao ‘Edital de Novos Cursos’, aberto pela CAPES. Com essa decisão, foi instituída uma comissão de elaboração, cujo/as integrantes estão listado/as em ordem alfabética: Profa. Dra. Itânia Gomes, Prof. Dr. Jorge Cardoso Filho, Profa. Dra. Jussara Maia, Profa. Dra. Lilian Reichert e Profa. Dra. Regiane Nakagawa.

A coordenadora, Daniela Matos, destaca alguns episódios memoráveis obtidos durante o percurso. "Nesse instante, o grupo responsável, em diálogo com a coordenação, trabalhou incansavelmente promovendo os debates necessários para o amadurecimento da proposta". Destaca inclusive, que um dos aspectos marcantes das etapas foi o caráter coletivo do processo de elaboração da proposta. "O grupo se dedicou a produzir o extenso documento, seguindo todas as normativas internas (da UFRB) e externas (da CAPES), que foram submetidas à avaliação e, agora em novembro, obteve aprovação", lembra.

Em direção ao aperfeiçoamento, o órgão busca avançar e dar melhores condições para a consolidação do curso de mestrado e, presentemente, do futuro doutorado. Na oportunidade, a docente conta que um dos maiores desafios de desenvolver a pós-graduação na UFRB, está correlacionado às condições de infra-estrutura e apoio técnico adequado. "Essa estrutura insuficiente é enfrentada com extrema dedicação e comprometimento de docentes e discentes do PPGCOM". Logo depois, a professora se despede agradecendo a dedicação da equipe e da professora Itânia Gomes pela contribuição valiosa na execução. "Ela esteve conosco nos últimos dois anos e pôde apontar caminhos e provocar reflexões a partir da sua experiência no âmbito da pós-graduação em Comunicação no País", conclui Matos.

 

O processo das marés
Como já dito, a implantação do curso de doutorado em comunicação envolve um longo processo de planejamento e aprovação junto à Coordenação CAPES, fundação responsável pela avaliação e credenciamento de programas de pós-graduação no Brasil. A professora Lílian Reichert nos concedeu uma entrevista, explicando como funciona o processo de submissão da proposta, tendo em vista que a docente compôs a equipe de elaboração. Leia a entrevista com Reichert, na íntegra:

L: Quais foram os principais desafios encontrados durante a escrita do projeto?
L: O principal desafio foi produzir a síntese do percurso trilhado pelo PPGCOM no Mestrado, do início até o momento da composição da proposta para o doutorado. Nossa identidade, nossos objetivos, os resultados alcançados, associados ao processo de autoavaliação, nos permitiram ter uma reflexão mais aprofundada sobre nossa trajetória e nossos planos para o futuro, e condensar isso tudo nos itens do documento exigiu muito diálogo e muita ponderação. Outro aspecto foi o zelo quanto ao cumprimento dos prazos em meio a tantas outras tarefas que desempenhamos no cotidiano acadêmico. Outro foi relativo às inquietações sobre o preenchimento de cada item da proposta, pois se tratava de uma atividade nova para a maioria dos/as membros/as da comissão. O desejo de executar um bom projeto para alcançar um objetivo coletivo e a preocupação inerente a um processo desse porte geraram muita expectativa.

L: O processo de submissão do APCN (Aplicativo para Avaliação de Propostas de Cursos Novos) foi realizado em equipe. Como foi a divisão de responsabilidades entre o/as participantes?
L: O trabalho de preparação do APCN para o doutorado foi realizado de modo coletivo, sempre dialogado. A escrita foi o resultado de um trabalho muito mais amplo e complexo da comissão, que se reuniu diversas vezes, compartilhou tarefas, que eram sempre discutidas, amadurecidas e revisadas. Foi um trabalho, ao mesmo tempo, intenso e processual. Tivemos apoio fundamental da coordenação do PPGCOM e do Colegiado do curso. Além disso, a generosa partilha de experiências pregressas da professora visitante, Professora Itânia Maria Mota Gomes, foi essencial para nosso êxito.

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L: Quais consultas externas, consolidadas, foram feitas para servir de referência na elaboração de projeto?
L: Estamos sempre atentos/as ao funcionamento de outros PPGs da nossa área, mas a principal estratégia foi a reflexão constante e coletiva sobre os itens exigidos para a elaboração da proposta e o correto e cuidadoso preenchimento. Nossa referência principal é sempre o Território do Recôncavo, o compromisso institucional da UFRB e de um PPG em Comunicação frente aos anseios do território.

L: Que tipo de apoio (recursos, infraestrutura, pessoal) foi necessário para estruturar a proposta?
L: Todos os apoios foram fundamentais, tanto da Coordenação do PPGCOM quanto do Colegiado, dos/as servidores/as dos setores de pesquisa da instituição, e da professora visitante, Itânia Maria Mota Gomes.



Próximas águas
A comunidade acadêmica aguarda com expectativa que o curso continue ampliando as oportunidades de pesquisa e fomentando mais produções científicas na região, tendo em vista que o doutorado contribui para o desenvolvimento de soluções emergentes e na formação de profissionais qualificados para enfrentar os desafios que nos atravessam nas águas que correm. A novidade desperta o interesse de discentes, que sentem-se motivados/as a desenvolverem novos projetos em seleções futuras. "Como já existe a possibilidade de continuar pesquisando aqui no Recôncavo, quero investir nisso", fala a mestranda, Ianca Oliveira.

Egressa, Lorena Carneiro aguarda com entusiasmo a abertura do processo seletivo, em que pretende aprofundar sua pesquisa e ampliar o impacto do estudo na área. A mestra destaca como o programa é enriquecido pela presença de pessoas negras, quilombolas e pertencentes a grupos que, anteriormente, não tinham a oportunidade de ocupar espaço de produção de conhecimento. Para ela, a diversidade estimulada nas aulas, influencia diretamente nas pesquisas desenvolvidas, promovendo novas abordagens e questionamentos sobre comunicação, que refletem as vivências e experiências de indivíduos fora dos contextos de privilégios. “Vivenciei no mestrado a profundidade dos debates, a qualidade das pesquisas, das discussões e a possibilidade de visões de mundo. A UFRB é uma universidade diferenciada”, diz entusiasmada.

Anamelia Rocha, igualmente mestra, reflete sobre seu vínculo com a agremiação, da qual demonstra confiança na qualidade e no ambiente acolhedor que experienciou durante seu percurso. Uma postura de gratidão, reconhecimento pela seriedade do ensino e valores éticos que o ambiente promove. “Eu não abro mão de esperar a seleção! O programa motiva a pesquisa, motiva o desejo e tudo isso é tecido com muito respeito e ética”, torce.

O curso de doutorado, que terá duração média de quatro anos, anseia estabelecer parcerias estratégicas com a comunidade local e outras instituições de ensino, promovendo o intercâmbio de conhecimentos e a captação de novos recursos para assegurar a permanência dos/as estudantes. Essa iniciativa reforça o papel da universidade como um agente de transformação social e científica.

“Quem confia na dona do rio, não bajula ninguém para dar um mergulho”. É por intermédio do provérbio africano que o PPGCOM reafirma seu compromisso de excelência e convoca a comunidade ao redor para novas conquistas no campo acadêmico. Aguarde as próximas marés que o primeiro processo seletivo de doutorado em comunicação trará. Esperamos por você à beira do rio para, em comunidade, contemplar suas águas e desenvolver pesquisas sobre competências.

“Um rio não deixa de ser um rio
Quando ele conflui com outro rio.
Ele continua em sua essência.
Essa é a grandeza da confluência”.
(Antônio Nêgo Bispo)

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