Defesa de mestrado | 10MAR
Figuras de ousadia nos modos de subjetivação: articulações entre memória, corpo e espaço em narrativas universitárias periféricas.
Tais Lima Gonçalves Amorim da Silva
10MAR | 14h - Centro de Artes, Humanidades e Letras - CAHL, Sala 15. UFRB. Cachoeira
Esta pesquisa investiga os modos de subjetivação expressos em narrativas de si de jovens cotistas no âmbito da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), constituídos pelo dispositivo de racialidade (Carneiro, 2023). O corpus empírico foi produzido a partir de uma ação de extensão desenvolvida com estudantes de diferentes graduações no âmbito da UFRB, contemplando a elaboração de entrevistas orais gravadas em suporte digital e cartas escritas à mão ou digitadas. A análise cultural inserida no debate conceitual-metodológico dos Estudos Culturais de matriz britânica em Raymond Williams (1979; 2007) e latino-americana em Jesús Martín-Barbero (2022; 2023), é acionada enquanto abordagem metodológica para o estudo das práticas de regulação do corpo e de suas contra-hegemonias. Este procedimento alinha-se ao pensamento de intelectuais negras feministas (Carneiro, 2023; Kilomba, 2019), aos estudos de memória como experiência temporal e corporificada (Martins, 2021) e aos estudos das espacialidades (Haesbaert 2014; 2021; Massey, 2008).
Para analisar as articulações entre memória, corpo e espaço nos modos de subjetivação instituído pelo dispositivo de racialidade, conceituo as figuras de ousadia, exercitadas pelas/os jovens universitárias/os em suas práticas narrativas enquanto práticas de si insurgentes que opera na materialização de um agir intempestivo à disciplina e captura do corpo. Como intempéries do dispositivo de racialidade e suas tecnologias de poder, os modos de subjetivação são formulados em camadas sobrepostas mediante o contrato racial ao reforçar o privilégio intelectual branco; normas e valores hegemônicos que marginalizam corpos não-brancos; relações sociais desiguais que acentuam disparidade socioeconômicas; do problema de memória e das tentativas de controlar o espaço que reforçam o despertencimento, o descrédito intelectual e o “corpo estrangeiro” ao espaço acadêmico. Como seu contraponto contra-hegemônico, as figuras de ousadia, apontam que os(as) novos(as) universitários(as) têm tensionado outro modo de viver, ser e pertencer a universidade, instituindo um espaço acadêmico relacional, contraditório e pluriepistêmico.
Banca examinadora
Profª. Drª. Daniela Abreu Matos | presidente - UFRB
Profª. Drª. Itania Maria Mota Gomes | PPGCOM - UFRB
Profª. Drª. Luciana Xavier de Oliveira | UFABC