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PESQUISA

Parceria da UFRB e UFG cria guia eletrônico para a identificação de sementes

A relação entre universidades gera inovações e produtos da área de Botânica aplicados na resolução de questões importantes para a identificação das espécies vegetais usadas no setor de sementes brasileiro e mundial.
16/04/19 09:30 , 16/04/19 09:40 | 3861

A cooperação técnica envolvendo pesquisadores, técnicos e estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) já resultou na produção do Guia Eletrônico de Identificação de Sementes e Propágulos e na publicação do livro “Sementes e Propágulos: guia de identificação”, editado pela Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES).

A parceria tem como meta desenvolver projetos e atividades no campo da pesquisa em Botânica e inovações de interesse para para a sociedade brasileira.

O programa de computador criado pelo grupo de pesquisadores disponibiliza informações e imagens de sementes de 300 espécies vegetais. Como a identificação das espécies é uma etapa do processo de produção de sementes/mudas em todo o mundo, há também a possibilidade de aplicação dos resultados obtidos em outros países, fora do Brasil.

As opções de pesquisa no guia incluem nome científico ou popular da espécie, características aparentes, como cor, brilho, tamanho, forma e consistência da semente ou propágulo (sementes acompanhadas de partes do fruto).

O guia inova ao oferecer um sistema de busca simples e intuitivo, podendo ser utilizada mesmo por quem não é especialista na área. A ferramenta foi feita em linguagem Java, é compatível com qualquer sistema operacional.

Guia eletrônico: para amadores e profissionais
Guia eletrônico: para amadores e profissionais

O projeto do Guia de Identificação de Sementes e Propágulos existe desde 2010.  O professor Edson Ferreira Duarte comenta que o trabalho é demorado por incluir várias etapas: colher a semente, identificar a espécie, depositar o material no herbário e registrar no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen). Só depois disso é que as imagens são selecionadas para que as características sejam diagnosticadas e descritas.

O projeto do guia serviu de base para a publicação do livro “Sementes e Propágulos: guia de identificação” (2018) de autoria dos professores doutores Edson Duarte e Lidyanne Yuriko Saleme Aona, do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e incorporou as sugestões dos revisores do livro. 

O processo de revisão do livro demandou dois anos e meio e nesse período, o professor Edson Duarte, foi redistribuído para a UFG. “Após minha vinda da UFRB para a UFG as parcerias continuaram e o projeto "Guia de identificação de sementes e propágulos" passou a ser coordenado pelo doutor em Botânica, Grênivel Mota da Costa (CCAAB/UFRB). A continuidade do projeto culminou no livro e no Guia Eletrônico”, explica Duarte.

Os programas computacionais foram resultantes da integração entre os pesquisadores do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CETEC) professores doutores Camila Bezerra da Silva e João Soares de Oliveira Neto e do CCAAB, além de representar uma parceira entre as instituições UFRB e UFG.

A parceria entre a UFRB e a UFG envolveu a execução dos projetos de pesquisas “Morfologia e função dos frutos, sementes e/ou propágulos de espécies recorrentes em fitofisionomias na Serra Dourada, Goiás”, encerrado em janeiro de 2019; e o "Guia de Identificação de Sementes e Propágulos", que estará em vigência até 2022.

No primeiro projeto, os produtos até o momento foram artigos produzidos e apresentados em eventos e a submissão de um capítulo de livro e, está em finalização um "Guia eletrônico de identificação sementes e propágulos da Serra Dourada, Goiás" que será disponibilizado on-line.

A cooperação técnica formalizada entre as instituições de ensino superior - UFRB e UFG - é uma forma de promover o desenvolvimento da pesquisa e de garantir a repartição de possíveis benefícios resultantes da Pesquisa e Inovação Científica desenvolvida em parceria. “No caso dos programas serem licenciados para terceiros, ambas as Instituições asseguraram a possibilidade de participação em ativos financeiros resultantes da cessão/licenciamento dos programas computacionais que estão sendo desenvolvidos”, ressalta Duarte. 

Comércio de sementes

Além do registro para fins de sistematização do conhecimento, o guia eletrônico possui uma importante aplicação comercial e no trabalho de fiscalização. “Em todo o mundo, sob o ponto de vista legal, só se pode vender sementes com a identificação da espécie”, esclarece o professor. Isso inclui tanto o fornecimento em grande escala quanto o comércio de varejo, feito em casas agropecuárias, por exemplo.

Para a comercialização de sementes também é feita uma análise de sua qualidade física. Para se atestar a pureza de um lote, os laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura verificam se há contaminação por outras sementes consideradas nocivas ou mesmo proibidas. Dependendo da espécie e da proporção encontrada, o lote não pode ser vendido como semente, o que aumenta a importância da identificação para a certificação desses produtos em todo o Brasil.

Consulta por especialistas e leigos

No Guia Eletrônico, o processo de identificação é mais rápido, já que trata-se de um sistema altamente intuitivo que tanto especialistas como leigos conseguem usar, e as informações contidas são focadas em características que podem seu usadas na identificação, além de apresentar um Glossário ilustrado com imagens para auxiliar na compreensão dos termos técnicos. 

A próxima etapa é a produção de uma versão on-line do Guia Eletrônico, anunciada em entrevista concedida ao Jornal da UFG, e terá mais novidades como a apresentação de outras espécies diferentes do livro e da versão em Java.

Guia regional

O "Guia Eletrônico de Identificação de Sementes e Propágulos da Serra Dourada" que está em finalização representa um recorte regional importante para uma das áreas de preservação de Cerrado presente no Estado de Goiás, e poderá auxiliar na compreensão da diversidade e de estratégias de dispersão presentes na paisagem local.

Os novos produtos estão em desenvolvimento visando auxiliar produtores de sementes, analistas, fiscais, profissionais e estudantes no processo de identificação de espécies usando somente sementes/propágulos.

Avanços da pesquisa

Segundo Duarte, os avanços científicos resultantes dos projetos de pesquisa mais evidente é o desenvolvimento de programas computacionais, mas há também um aprofundamento no detalhamento descritivo e no registro fotográfico das espécies vegetais.

“Isso porque usualmente em trabalhos de descrição das espécies vegetais, as informações sobre as sementes e/ou propágulos  são apresentadas de forma genérica’, explica Duarte. 

E muitas vezes as sementes e propágulos de espécies não cultivadas são as únicas estruturas que muitas vezes estão presentes em lotes de sementes de espécies agrícolas, florestais, nativas e medicinais assim a identificação de espécies vegetais contaminantes em lotes de outras espécies é necessário para possibilitar a venda, de forma que os resultados obtidos nos projetos têm aplicação imediata em sistemas de fiscalização e de análise. “Mas também pode ser de interesse de pessoas comuns interessadas em usar sementes para a produção de biojoias e artesanato, entre outros”, afirma Duarte.

Embora os projetos de pesquisa não tenham por objetivo o diagnóstico e o levantamento de floras, “durante os trabalhos colheita de sementes e propágulos em áreas naturais foi encontrada uma nova espécie que está em processo de descrição e publicação por outros especialistas”, revelou o pesquisador.

Livro

Como produto dessa parceria foi publicado o livro ‘Sementes e Propágulos: guia de identificação”, de autoria de Lidyanne Yuriko Saleme Aona (CCAAB/UFRB) e Edson Duarte (DBOT/ICB/UFG). A obra foi lançada em cerimônia comemorativa dos 50 anos do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), na Universidade Federal de Goiás, em 22 de agosto de 2018.

A obra, editada pela ABRATES, é ricamente ilustrada, contendo 600 imagens de 300 sementes/propágulos de espécies vegetais, constituindo-se em uma das mais abrangentes publicadas sobre o tema.

O livro contém informações úteis para a identificação de espécies, além de aspectos importantes para a análise e o comércio de sementes.

Segundo Edson Duarte, o livro é mais abrangente em relação ao Guia Eletrônico por conter às informações das espécies pois contém informações que também ajudam a determinar se as espécies são nativas ou exóticas, em quais Biomas foram relatadas, além de conter informações tecnológicas que auxiliam na compreensão de qual é a massa que determinado número de sementes pesa e também da habilidade das sementes de sobrevivência sob armazenamento.

Com informações do Jornal UFG.

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