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Áreas de concentração e Linhas de pesquisa

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO ARQUEOLOGIA

A área de concentração Arqueologia abrange estudos arqueológicos dos Povos Originários, centrando-se tanto nos períodos pré-coloniais como nos períodos históricos, posteriores ao contato dos Ameríndios com o colonizador. Também se volta para o estudo da materialidade arqueológica associada aos processos de implantação de estruturas coloniais e da modernidade capitalista no território hoje brasileiro. Esses recortes cronológicos e historicidades remetem a elementos e materiais arqueológicos diversos. Desse modo, as pesquisas sobre o passado précolonial indígena poderão tratar de análises de sítios arqueológicos a céu aberto e/ou sob abrigo, de vestígios móveis (tais como líticos, cerâmicos, biofatos, ecofatos), de registros rupestres, das paisagens fisiogeográficas, entre outros.

Em estudos macro e microescalares, podem se valer amplamente da confluência entre Arqueologia e a Biologia, Física, Química, Geografia e Geologia, para aferir e discutir aspectos como datação de ocupações, padrões de assentamento, uso de recursos e interações com o meio ambiente. As pesquisas do passado pós-contato ou histórico poderão se valer dessas mesmas discussões, bem como também são frequentes estudos de cultura material voltados para técnicas de produção e categorias cosmológicas e simbólicas advindos de outras regiões do mundo, em especial da África e da Europa. Nesse sentido, as pesquisas sobre o passado histórico podem incluir discussões identitárias e sobre processos de etnogênese suscitados nas interações entre as populações indígenas, afrodiaspóricas, eurodescendentes e as paisagens e territórios em tela. Incluem também discussões sobre a crescente globalização de produtos que acompanha a modernização capitalista mundial e as tensões geradas em níveis locais e regionais, tanto do ponto de vista material quanto identitário. Observa-se uma proximidade dessas discussões com a Antropologia e a Sociologia, mas também com as ciências exatas e da terra. A amplitude temática dos estudos possíveis engloba geoarqueologia, bioarqueologia, etnoarqueologia, análises de artefatos móveis (tais como metais, vidros ou louças importadas), arqueometria, entre outros.

Ressalta-se que os vestígios móveis estudados poderão ser provenientes de escavações recentes ou de acervos gerados em pesquisas anteriores. Nesse sentido, essa área de concentração também abrange, a partir dos referenciais teóricos e metodológicos da Arqueologia, pesquisas sobre os processos de inclusão dos acervos arqueológicos na cadeia operatória da museologia. Assim, essa área trata também de mapear e refletir sobre os vários procedimentos e princípios da incorporação de acervos a dado museu ou instituição de guarda, bem como o destino dado a eles ao longo do tempo. Inclui discussões acerca do recebimento de coleções e acervos por parte das instituições, da curadoria ou conservação de peças e coleções, da documentação arqueológica relacionada aos acervos, do acondicionamento de coleções e do seu monitoramento regular no que tange condições físicas de integridade, entre outros. Abrange também pesquisas sobre formas de extroversão e musealização do patrimônio arqueológico, refletindo sobre o potencial e os desafios dessas ações para os diversos públicos.

Linha 1: Populações, ambientes e culturas

O foco desta linha está nos estudos de Arqueologia Stricto sensu ou em suas abordagens interdisciplinares. Reúne pesquisas nas áreas da Arqueologia pré-colonial e histórica, que busquem entender diferentes expressões culturais humanas a partir da análise de sítios, ambientes e paisagens, bem como estudos de cultura material. Inserem-se nessas abordagens sítios e acervos históricos e pré-coloniais de diversos contextos culturais, sejam de processos históricos passados (da invasão europeia do território brasileiro, das populações afrodiaspóricas e dos territórios tradicionais de populações indígenas) e o seu uso presente.

Do ponto de vista metodológico, essa linha abarca pesquisas variadas, tais como: produzidas a partir de prospecção arqueológica, com o levantamento e mapeamento de sítios e de vestígios na paisagem; estudos de padrões de assentamentos pretéritos em relação à paisagem fisiogeográfica; registro e classificação de tipos de sítios arqueológicos e sua distribuição na paisagem; análises de vestígios exumados de sítios arqueológicos, considerando sua datação estimada, técnica de produção e possível afiliação sociocultural; análises bioarqueológicas, arqueobotânicas e zooarqueológicas; análises hermenêuticas e semióticas dos discursos subjacentes à cultura material; rotas de troca e comércio entre diversos agrupamentos humanos; entre outras.

Linha 2: Musealização do patrimônio arqueológico

Nesta linha os estudos se voltarão aos processos de reflexão sobre políticas públicas para a curadoria, gestão e apropriação do patrimônio arqueológico musealizado ou in situ. Agremia estudos que levem à compreensão das historicidades de museus que salvaguardam acervos arqueológicos e coleções musealizadas. Abrange estudos que tratem das diretrizes, princípios, parâmetros e protocolos de musealização de acervos arqueológicos, observando limites, interfaces e possibilidades de associação entre dados científicos produzidos pelos arqueólogos e o processo de apropriação sociocultural do patrimônio arqueológico. O viés, em qualquer uma das abordagens desta linha, está na associação das teorias e metodologias da Arqueologia, que permitem a geração primária das coleções arqueológicas, com as discussões acerca da noção de musealização e sua consequente cadeia operatória.

Além disso, como parte do princípio de que o patrimônio arqueológico é essencialmente cultural, reflete também sobre possíveis formas de extroversão e socialização de sítios e acervos junto aos diferentes tipos de público, tratando a relação profunda entre humanos e cultura material de forma significativa e contextualizada. Abarca pesquisas sobre a relevância social desses materiais arqueológicos no presente para a sociedade e para coletivos historicamente subjugados, bem como sobre formas de tornar objetos, enquanto indicadores de memória, partes da vida cotidiana das pessoas em ações extra-muros de fruição e de troca de conhecimentos.

 

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL

A área de concentração Estudos Antropológicos do Patrimônio Cultural, de maneira geral, aborda vários aspectos do patrimônio cultural a partir de conceitos e métodos antropológicos. São abordados os processos históricos e socioculturais de formação e manutenção dos patrimônios culturais, bem como as ações que levam à apropriação dinâmica deste processo. Nesse sentido, a área abarca estudos acerca de vários tipos de patrimônio cultural material e imaterial, tais como edificações e centros urbanos, patrimônio religioso em sua materialidade e imaterialidade, diferentes saberes envolvidos em práticas culturais, modos de fazer tradicionais, transmissão geracional de práticas e de saberes, noções de território e de espaço social e relações de parentesco associadas à construção e à manutenção de patrimônios, entre outros. Podem ser empregados métodos etnográficos de compilação de dados em campo junto a comunidades tradicionais, sejam elas quilombolas, ribeirinhas, indígenas ou outras, passando necessariamente pelo trato antropológico ético. Podem ser produzidos trabalhos voltados para a identificação e o mapeamento de patrimônios culturais junto a comunidades locais, bem como sua profundidade histórica e seus possíveis significados no presente, incluindo-se possíveis relações com lutas políticas e noções de pertencimento e de memória. Assim, esta concentração enfatiza pesquisas na área de patrimônio cultural em diálogo com as teorias socioculturais que fundamentam a discussão teórica e aportam a metodologia de pesquisa, pela perspectiva da Antropologia.

Essa área de concentração também abarca pesquisas sobre o modo como o poder público pratica a preservação patrimonial ao longo do tempo, segundo diferentes tipos de bens, junto a diferentes coletivos e nos vários lugares. Incluem-se pesquisas acerca de patrimônios culturais acautelados e não acautelados pelas legislações e instituições públicas de gestão patrimonial. Desse modo, pode-se discutir como o Estado se posiciona em relação à diversidade do patrimônio cultural, tanto do ponto de vista legal quanto do ponto de vista procedimental. São estimuladas reflexões críticas sobre formas atuais e/ou históricas de gestão patrimonial e de políticas potencialmente excludentes de atribuição de valores aos bens, buscando promover possibilidades e estratégias de gestão mais inclusivas, democráticas e decoloniais.

Linha 3: Patrimônio cultural e identidades

Essa linha de pesquisa abrange estudos sobre a relação entre comunidades, patrimônios culturais e dinâmicas étnicas e identitárias, notando como esses patrimônios se relacionam com as narrativas locais e regionais. O enfoque básico desta linha é como os diferentes grupos socioculturais concebem, se apropriam e transformam as múltiplas modalidades do patrimônio cultural.

Assim, a linha abarca pesquisas que tratam de noções distintas do que é patrimônio, das várias formas tradicionais possíveis de se valorar e preservar os bens patrimoniais e de como os patrimônios materiais, imateriais e paisagísticos podem se relacionar com memórias individuais e coletivas. Permite trabalhos que descrevem objetos e práticas patrimoniais do ponto de vista identitário, suas permanências e transformações, bem como suas relações com sistemas socioculturais e modos de vida.

Linha 4: Patrimônio cultural e políticas públicas

O enfoque desta linha está nos processos institucionais de apropriação do patrimônio cultural, compreendido em sua dimensão pública, como bem da União, abrangendo os diferentes modos, propósitos e possibilidades de aplicação das políticas patrimoniais, que em muitos casos sustentam e constroem referenciais de nação. Assim, essa linha se debruça sobre políticas e práticas de gestão e extroversão do patrimônio cultural nos ambientes institucionais – sejam públicos, mistos ou privados – e que levem a refletir sobre os processos de concepção, planejamento, definições de ações estratégicas e sustentáveis para o patrimônio cultural, em benefício dos diferentes grupos socioculturais.

Com esses elementos em mente, essa linha abrange pesquisas que abordam temas como: seleções tendenciosas na preservação patrimonial por parte de instituições, racismo patrimonial, conflitos na preservação de bens patrimoniais, processos de acautelamento legal de bens junto aos órgãos competentes, legislação do patrimônio cultural, gestão compartilhada de patrimônios, relação entre sociedade civil, Estado e universidade na proteção patrimonial, entre outros.

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