A sociedade contemporânea tem se deparado com uma produção acelerada de materiais de memória em seus mais diversos setores. São biografias, livros de memórias, relatos, depoimentos, localização e disponibilização de documentos pessoais e institucionais, além das correspondências de instituições e personagens que participaram dos mais diversos processos sociais. Essa realidade não se difere em nosso país, sendo possível percebê-la tanto nos esforços pela preservação da memória política, chegando até a musealização dos arquivos pessoais de indivíduos que ocuparam papeis menos proeminentes na sociedade brasileira e baiana.
Contudo, parafraseando Myriam Barros[1], o sujeito que descreve a história de sua família, ou de outro grupo do qual se sinta filiado, o faz colocando muito de si mesmo e de seus pontos de vista na narrativa dos fatos. Isso se dá a tal ponto que, ao percorrer a história que conta, reúne as peças de um quebra-cabeça que, ao se completar, constrói uma imagem identificada com os interesses e posicionamentos do narrador.
Em Amargosa, algumas iniciativas na direção de analisar as memórias dos personagens que compuseram as histórias de suas instituições e famílias do Vale do Jiquiriçá têm sido realizadas por grupos de estudantes e professores da UFRB, havendo certo destaque para esse tipo de abordagem referente à história da educação. Identificar a que grupos pertencem os guardiões da memória da região, não apenas relacionada à educação, poderá ajudar a estabelecer uma relação entre o que é lembrado e o grupo ao qual o sujeito sente-se filiado, com quem partilha, pelo menos em parte, a perspectiva do passado vivido.
Na tentativa de propor um debate a respeito da produção e análise de materiais de memória é que a CAsA do DUCA convida para o III Ciclo de Debates: Memória e identidade de Amargosa e região, que será realizado no dia 30 de setembro, às 18:40 no Pavilhão de Aulas do Centro de Formação de Professores – CFP. A programação da atividade contará com palestras dos professores Diogo Rios, Fábio Josué e Pedro de Oliveira sobre a temática, seguidas por debate com o público presente.
Esta é mais uma das ações do Programa Entrelaçando da CAsA do DUCA, que prevê, dentre outras atividades, a realização de ciclos de debates, saraus de arte e cultura e pesquisa sobre grupos e manifestações culturais no Vale do Jiquiriçá e Recôncavo da Bahia.
[1] BARROS, Myriam M. L. de. Memória e família. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 29-42, 1989.