Lançamento de livro
Lançamento de livro sobre jogos digitais expande olhares sobre pesquisas de cotidiano estético e sensorial em comunicação
Fellipe Moreira e Rodolfo Jesus (Mestrandos do PPGCOM)
Fotos: Bárbara Lima (Mestranda do PPGCOM) e Camilly Rivera (Graduanda em Jornalismo)
Com ênfase na comunicação a partir dos jogos digitais, foi lançado na tarde da última terça-feira, 10, o livro "Estéticas do Lúdico", organizado por Emmanuel Ferreira e Jorge Cardoso Filho. O auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da UFRB recebeu a comunidade acadêmica para acompanhar uma mesa de debate sobre os principais temas do livro a partir das explanações feitas pelos dois organizadores juntamente com os professores Dr. Paolo Bruni (Unijorge-Salvador), Dr. Vicente Reis (Cecult-Ufrb) e a Dra. Dorotea Bastos (Cahl-Ufrb) autores de alguns capítulos do livro que apresenta resultados de pesquisas realizadas em diálogo entre experiência estética com estudos de jogos (games).
A coordenadora do PPGCOM, Daniela Matos, fez a abertura do evento, que logo seguiu com a apresentação do resumo geral do livro feito pelo professor Jorge Cardoso, e na sequência algumas abordagens específicas das pesquisas escritas pelos convidados que compuseram a mesa foram debatidas: elementos de trilha sonora nos jogos, influência na experiência; design da experiência videolúdica e suas recepções; assim como corpo, virtualização e experiências nestes games digitais. Houve algumas rodadas de perguntas, o que permitiu ao público conversar diretamente com os autores, tirar dúvidas e expandir, sobretudo, o olhar, enxergando a possibilidade dos games como um campo possível de atuação acadêmica.
Abertura do evento com Daniela Matos - Foto: Camilly Rivera
A dificuldade em legitimar a importância deste tipo de pesquisa, em alguns espaços, foi um dos pontos levantados pelo professor Jorge Cardoso, logo complementado pelos outros componentes da mesa. O professor Vicente Reis comentou sobre os games como um objeto do cotidiano: "Eu acredito que existem possibilidades de olhar o jogo como objeto de diversos campos distintos. Temos que ter essa compreensão de que tem especificidades, mas jogo não é uma coisa absolutamente alienada no mundo. Muito pelo contrário, a gente tem que olhar isso amplamente, porque é uma coisa que muita gente joga, não só em videogames, consoles, como também no celular, computador, ou até mesmo assistir um filme que fala de videogames. Então, é algo que está aí e a gente tem que olhar pros pontos de vistas que são possíveis.", pontuou.
Da esquerda para a direita os professores doutores: Jorge Cardoso, Paolo Bruni, Dorotea Bastos e Vicente Reis - Foto: Camilly Rivera
Na sequência, a professora Dorotea Bastos enfatizou a importância de levar a temática com a seriedade necessária. "E quantas vezes a gente ouve assim: 'tal pessoa tá pesquisando jogo', como se não parecesse ser algo pesquisável. As pessoas geralmente acham que o jogo é uma coisa infantil, e a gente tem uma mania de querer rebater esse universo infantil. Fica parecendo que não pode haver seriedade naquilo, mas olha o tamanho da indústria dos games! A gente tem um universo realmente gigante. E eu acho às vezes que também é que as pessoas não sabem o que fazer com o jogo, sabe? olhar o jogo como objeto. A gente tem aqui, por exemplo, uma mesa aqui com três pessoas doutoras falando sobre o jogo de uma forma competente, de uma forma crítica e acadêmica", destacou.
Os debates durante o lançamento do livro geraram reflexões das pessoas que estavam presentes e atiçaram algumas curiosidades. A estudante do segundo semestre de Jornalismo, Larissa Silva, não imaginou que era possível repensar a junção do lúdico com o estético como meio de conhecimento e experiência. "Eu geralmente jogava games infantis na fase da minha construção criativa como 'Exploration Lite'. Eu sempre relacionava o lúdico apenas à diversão, mas depois disso estou tendo outra compreensão. Acredito que essa exposição a respeito dos jogos amplia a visão crítica das pessoas em que é possível entender que o jogo é também interação, relação e também pilar de conhecimento do sentido, do contato e da imersão", disse.
A percepção da estudante dialogou com os encaminhamentos finais da conferência feita pelo Professor Emmanoel Ferreira explicando o que seria o lúdico e os objetivos desta reunião de pesquisas relacionadas a games até resultar em um livro. Em sua explanação, apresentou os referenciais teóricos que nortearam os pensamentos e a importância de seguir na batalha de trazer essa temática que tem uma importância grande no campo comunicacional.
Professor Emannuel Ferreira - Foto: Bárbara Lima
"É um uma luta que a gente tem que fazer, mas eu acho que a gente consegue. O objetivo principal dessa minha pesquisa é pensar como se dá o agenciamento de experiências estéticas em instâncias midiáticas dotadas de uma certa ludicidade. A primeira coisa era definir o que seriam essas práticas lúdicas, ou essa ludicidade. E é importante destacar que o lúdico não está necessariamente ligado à diversão, ela pode proporcionar outros sentimentos. Esse componente lúdico no sentido de experimentação, como brincar com a criação artística e as interações que estão na base da ludicidade que estaria diretamente relacionada a essa interação ativa e direta do sujeito com a obra", destacou Emmanoel.
Houve também um momento dedicado ao incentivo para que novos pesquisadores não só deste ramo, mas de outros que não são tão "levados a sério" em alguns espaços possam aparecer. O professor Paolo Bruni fez um relato de vivência. "A minha experiência com a escola foi ouvindo muita piada sobre as minhas pesquisas, tanto de mestrado quanto de doutorado. Apesar disso, acredito que é importante não ter medo de pesquisar se você encarar com seriedade. Hoje eu trabalho com jogos, com game design quando é possível. Minha profissão padrão é professor, mas de vez em quando a gente faz jogos também e eu acho importante que aquilo de alguma maneira tenha algum ponto de contato com você em projetos pessoais. Eu conheço gente da área do teatro que trabalha com videogame, gente da área de exatas, que estudam computadores, engenharias, história e outros campos. Então, se você tem interesse corra atrás. Tente ver onde você consegue fazer e com a relevância que ela tem pra você.”
Depois da conversa e das rodadas de pergunta e resposta, alguns dos discentes que estavam presentes no evento, tanto de graduação, quanto de pós-graduação tiveram a possibilidade de ganhar alguns exemplares do livro que foram presenteados pelos autores da obra.