Professor da UFRB recebe bolsa do governo inglês para estudar racismo contra povos indígenas
A formação de uma rede de pesquisas para estudar o tema “Racismo e anti-racismo no Brasil: o caso dos povos indígenas” (Racism and anti-racism in Brazil: the case of indigenous peoples), envolvendo a UFRB através de Felipe Milanez (professor do NUVEM, no CECULT e no CCS, e do Mestrado em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas, no CAHL), o líder indígena Ailton Krenak, professor honoris causa na Universidade Federal de Juiz de Fora e fundador do Núcleo de Cultura Indígena, e Lúcia Sá, referência internacional no estudo da literatura indígena, professora da Universidade de Manchester e coordenadora do projeto, venceu o edital do Arts & Humanities Research Council (AHRC) do Reino Unido, ganhando uma bolsa do prestigiado conselho britânico no valor de 45 mil libras esterlinas (cerca de 180 mil reais) para desenvolvimento do trabalho. O anúncio foi feito na sexta-feira 18 de agosto.
Vencer essa concorrência internacional vai contribuir não apenas para o fortalecimento e a internacionalização da UFRB, ampliando a pesquisa de uma linha na qual a UFRB é tanto referência de pesquisa como de políticas públicas, a de combate ao racismo, mas sobretudo para a promoção do debate sobre um tema que ainda pouco estudado, mas muito presente na realidade brasileira, que é o racismo contra os povos indígenas.
A associação do professor da UFRB com a Universidade de Manchester, uma das principais universidades do mundo, e o Núcleo de Cultura Indígena, liderado por Ailton Krenak, visa promover, como escreveu um dos revisores anônimos do projeto, uma “simbiose entre os interesses acadêmicos da pesquisa e o desenvolvimento sustentável dos impactos de suas atividades”, impactos estes que foram considerados como “extremamente valiosos” e de “longa duração ”. É uma pesquisa inteiramente focada nos tempos atuais, que se , caracterizam por um avanço sem precedentes contra os direitos dos povos indígenas. Seu intento é contribuir para as resistências das populações originais do país que possuem acesso [direito?]ao seu território coletivo, histórico e diferenciado.
Através deste projeto, serão organizados grandes seminários cuja função é oferecer a oportunidade para lideranças, intelectuais e artistas indígenas refletirem, debaterem e compartilharem entre si e com acadêmicos e ativistas de movimentos anti-racistas do Recôncavo baiano diferentes experiências de racismo, em diferentes contextos no Brasil. Os encontros acontecerão na Bahia, em Brasilia e em Manchester, de forma a produzir tanto um impacto político, quanto acadêmico a nível internacional das propostas anti-racistas dos povos indígenas. Como resultado, além de artigos científicos, a rede também irá publicar um livro em conjunto com os autores indígenas e um pequeno documentário.
Os revisores britânicos do Conselho consideraram a proposta excepcional (“outstanding”), com a maior nota de avaliação, apontando o potencial da proposta para oferecer contribuições significativas ao estudo de raça e racismo no Brasil, com importantes e urgentes intervenções políticas e sociais.