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Parceria da UFRB vence bolsa do governo inglês para estudar racismo contra povos indígenas

24/08/17 10:53 , 24/08/17 10:59 | 4457
Professor Felipe Milanez com povos indígenas
Foto: Acervo Pessoal

Uma rede de pesquisas envolvendo a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o Núcleo de Cultura Indígena e a Universidade de Manchester venceu o edital do Arts & Humanities Research Council (AHRC), do Reino Unido, para estudar o tema “Racismo e anti-racismo no Brasil: o caso dos povos indígenas”. O grupo ganhou uma bolsa do Conselho Britânico no valor de 45 mil libras esterlinas, cerca de 180 mil reais, para desenvolvimento do trabalho. O anúncio foi feito na sexta-feira, 18 de agosto.

A parceria abrange o professor Felipe Milanez, do Núcleo de Estudos Interdisciplinares e Formação Geral (NUVEM) e do Mestrado em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas da UFRB, o líder indígena Ailton Krenak, professor honoris causa na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e fundador do Núcleo de Cultura Indígena, e Lúcia Sá, referência internacional no estudo da literatura indígena, professora da Universidade de Manchester e coordenadora do projeto.

“Vencer essa concorrência internacional vai contribuir não apenas para o fortalecimento e a internacionalização da UFRB, ampliando a pesquisa de uma linha na qual a universidade é tanto referência de pesquisa como de políticas públicas, a de combate ao racismo, mas, sobretudo, para a promoção do debate sobre um tema que ainda é pouco estudado, embora muito presente na realidade brasileira, que é o racismo contra os povos indígenas”, analisa o professor Milanez.

Avaliação da proposta

A associação entre as três instituições visa promover, como escreveu um dos revisores anônimos do projeto, uma “simbiose entre os interesses acadêmicos da pesquisa e o desenvolvimento sustentável dos impactos de suas atividades”, impactos estes que foram considerados como “extremamente valiosos” e de “longa duração”. A pesquisa foi descrita como “inteiramente focada nos tempos atuais, que se caracterizam por um avanço sem precedentes contra os direitos dos povos indígenas. Seu intento é contribuir para as resistências das populações originais do país que possuem acesso (direito?) ao seu território coletivo, histórico e diferenciado”.

Os revisores britânicos do Conselho consideraram a proposta outstanding (excepcional), com a maior nota de avaliação, apontando o seu potencial para oferecer contribuições significativas ao estudo de raça e racismo no Brasil, com importantes e urgentes intervenções políticas e sociais.

Resultados esperados

Através deste projeto, serão organizados grandes seminários, cuja função é oferecer a oportunidade para lideranças, intelectuais e artistas indígenas refletirem, debaterem e compartilharem entre si e com acadêmicos e ativistas de movimentos anti-racistas do Recôncavo baiano diferentes experiências de racismo, em diferentes contextos no Brasil. Os encontros acontecerão na Bahia, em Brasília e em Manchester, de forma a produzir tanto um impacto político, quanto acadêmico, em nível internacional das propostas anti-racistas dos povos indígenas. Como resultado, além de artigos científicos, a rede também irá publicar um livro em conjunto com os autores indígenas e um pequeno documentário.

Confira a apresentação do professor Felipe Milanez, no especial Faces do Brasil, do canal Discovery Channel:

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