Literatura Infantojuvenil: perspectivas contemporâneas
Organizadoras:
Erica Bastos da Silva - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Maria Betânia Almeida Pereira - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Maria Isaura Rodrigues Pinto - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Mônica Gomes da Silva - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Prazo para submissão - até 30/07/2023
Publicação - Até 30/09/2023
A literatura infantojuvenil contemporânea tem se destacado por inúmeras inovações formais e temáticas em diálogo com as mudanças sociais, culturais, políticas e tecnológicas deste início de século. Nesse sentido, emergem temas que mobilizam e ressignificam esse campo de discussão. A implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, por exemplo, foi um marco impulsionador da abordagem de temas relevantes nesse cenário, uma vez que a obrigatoriedade do ensino das histórias e das culturas africana, afro-brasileira e indígena trouxe à tona novos modos de criar, pensar e divulgar a literatura infantojuvenil na atualidade. Assim, há uma maior atenção para estudos sobre o protagonismo negro e indígena nos livros infantis (JOVINO 2006, BONIN, 2015).
Do ponto de vista da elaboração dos textos, fica patente também a inserção de temáticas fraturantes (RAMOS; FONSECA, 2015), a ressignificação de personagens femininas (SILVA, 2010), a adoção de novos formatos, cujas materialidades se articulam com as tecnologias digitais (KIRCHOF; SOUZA, 2019), em destaque no contexto do século XXI.
No que diz respeito às ilustrações, percebe-se um diálogo constante entre o texto imagético e o texto verbal. O ilustrador, em seu fazer artístico, amplia e diversifica a leitura por meio do tratamento estético dado ao texto visual (CORSINO, 2010), favorecendo a inter-relação entre as duas linguagens, o que alarga o campo de análise das obras infantojuvenis.
Percebe-se, portanto, uma mudança de foco nesse tipo de produção literária que, em seus primórdios, estava ligado ao projeto pedagógico de instrução e formação moral e cívica (LAJOLO, ZILBERMAN, 1988). Cada vez mais distanciada dessa visão, a literatura infantojuvenil vem ganhando relevância no contexto escolar e ampliando, assim, concepções que ressaltam o sentido humanizador dessa arte (CANDIDO, 2011).
Em face das questões trazidas, este dossiê é um convite para um encontro com a literatura infantojuvenil contemporânea. Serão bem-vindos artigos, resenhas, ensaios que se articulem com as discussões aqui propostas.
Referências:
BONIN, I. T. Representações da criança na literatura de autoria indígena. Estudos de literatura brasileira contemporânea, n. 46, p. 21-47, jul./dez. 2015. Disponível em:https://www.scielo.br/j/elbc/a/K4mwmVNpnXpm45gZHpsnbxt/?format=pdf&lang=pt, acesso em 15/03/2023
BRASIL. Lei 10.639, de 8 de janeiro 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasília. DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 15/08 2020.
BRASIL. Lei 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm, acesso em: 14/08/ 2020.
CANDIDO, A. O direito à literatura. In: ________. Vários escritos. 5. ed. corrigida pelo autor. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011, p. 171-193.
CORSINO, P. Literatura na educação infantil: Possibilidades e Ampliações. In: PAIVA, A. et al. Literatura : ensino fundamental. Ministério da educação básica, secretária de educação Básica, 2010. p.183-204.
JOVINO, I. da S. Literatura infanto-juvenil com personagens negros no Brasil. In: SOUZA, F.; LIMA, M. N. (Org.). Literatura Afro-Brasileira. Salvador: Centro de estudos afro-orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006. p. 179-217.
KIRCHOF, E. R.; SOUZA, R. J. de. A literatura infantojuvenil na contemporaneidade: desafios, controvérsias e possibilidades. Em Aberto, Brasília, v. 32, n. 105, p. 25-40, maio./ago. 2019.
LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. Literatura infantil brasileira: história & histórias. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988.
RAMOS, A. M.; FONSECA, A. D. Tendências da literatura juvenil contemporânea: os temas fraturantes na obra de Ana Saldanha. Literartes, n. 4, p. 89, 2015. p.89-106. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/literartes/article/view/89312, acesso em 23/03/2023.
SILVA. L. C. Representação feminina na narrativa infantojuvenil brasileira
contemporânea.Dossiê: literatura infantojuvenil. Estud. Lit. Bras. Contemp. (36). Jul-
Dec 2010. p.77-96. Disponível em: https://www.scielo.br/j/elbc/a/hTcTGNzhLHB9zXjNggs9SYf/?lang=pt, acesso em 23/03/2023.
Fonte: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/pensaresemrevista/announcement/view/1607
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