Nova federal quer ter diploma que valha no Brasil e em outros países
Reitor, Paulo Speller, foi empossado nesta quarta-feira (25). Universidade terá alunos de países africanos e asiáticos que falam português
Fernanda Nogueira do G1, em São Paulo
A Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab) busca um modelo para fornecer formação e certificação que valham no Brasil e no país de origem de seus alunos estrangeiros. A afirmação é do reitor da universidade, Paulo Speller, que foi empossado nesta quarta-feira (25). A Unilab funcionará em Redenção, que fica a 60 quilômetros de Fortaleza, no Ceará, e terá metade dos alunos brasileiros e metade dos alunos de outros países de língua portuguesa. Os primeiros países que poderão ter alunos na universidade são os africanos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe e os asiáticos Timor Leste e Macau. “Estamos buscando um modelo de formação compartilhada e até de certificação compartilhada, conjunta, entre duas e até mais universidades. A ideia é que esse profissional sempre retorne para o país de origem”, disse Speller, que foi reitor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e preside a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE). O reitor disse que a certificação compartilhada é possível. “Já temos experiências de algumas universidades na graduação e na pós-graduação. Em outros países também acontece. É viável”, afirmou. “Teremos que atender a legislação dos dois países para que a pessoa tenha um diploma que seja válido aqui e lá”, disse. De acordo com o reitor, o objetivo é que, “no médio prazo”, a certificação seja reconhecida em todos os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Para incentivar a volta dos estrangeiros para casa após a graduação, a fase final dos cursos e a cerimônia de colação de grau deverão ser feitas no país de origem. “Tudo isso faz com que diminua a probabilidade de que ele (aluno estrangeiro) fique no Brasil”, disse o reitor. A Unilab começará a funcionar até o final do ano em um prédio cedido pela Prefeitura de Redenção, segundo Speller. Atualmente, a universidade tem 15 professores redistribuídos de outras universidades federais e 15 funcionários técnico-administrativos. Novos concursos para seleção de professores serão abertos nos próximos dias, de acordo com o reitor. Os cinco primeiros cursos terão 350 vagas, sendo 175 para brasileiros e 175 para alunos estrangeiros. As opções serão: enfermagem, agronomia, administração pública, engenharia de energia e licenciatura em ciências da natureza e matemática. Cada curso terá 70 vagas. A sede própria da universidade será construída a partir de 2011 em Redenção e deverá começar a funcionar em 2012, segundo o reitor. Outro campus deverá ser construído em Acarape, próximo a Redenção. O projeto da Unilab prevê o atendimento de cinco mil alunos em cinco anos. Segundo Speller, cursos de especialização já começam a ser ministrados nos próximos meses.
Alunos - A seleção de estudantes brasileiros será feita pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os moldes da seleção estão sendo definidos. De acordo com Speller, a universidade estuda se terá bônus para estudantes de escolas públicas. A seleção dos alunos estrangeiros também está sendo definida. Há três opções possíveis. O mais provável, segundo Speller, é que a seleção seja feita em integração com as universidades parceiras nos próprios países dos estudantes. Outra opção é que as representações diplomáticas do Brasil nos outros países façam a seleção. Além disso, está sendo testada uma espécie de Enem para países de língua portuguesa, segundo o reitor.
Fonte: clipping@editau.com.br