No dia 21 de janeiro de 2024 (domingo), ocorreu a finalização das atividades presenciais do 9º Curso Pedagogia do Movimento, o qual integra as ações do Projeto de Extensão Aperfeiçoamento em Educação do Campo – Programa Escola da Terra na UFRB.
O 9º Curso Pedagogia do Movimento foi realizado na parceria entre a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egidio Bruneto (EPAAEB).
Foram quinze dias de formação que contaram com a participação de 120 educadores(as) que atuam nas escolas do campo e em práticas educativas nas áreas de reforma agrária.
Estando vinculado ao Programa Escola da Terra, o 9º Curso de Pedagogia do Movimento contou com apoio da Diretoria de Políticas de Educação do Campo e Educação Escolar Indígena (DIPECEI), vinculada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação (MEC).
Dentre os temas abordados na formação tem-se: Análise da conjuntura política e agrária e desafios do momento atual; Análise da conjuntura educacional; História do MST; A financeirização e a lógica do capital financeiro na agricultura; Impactos do Agronegócio no Nordeste e desafios atuais; Reforma Agrária Popular; Agroecologia, Cooperação e Educação; Literatura e Escrevivências Sem Terra; Pedagogia Socialista; Psicologia Histórico-Cultural; Educação Popular e Pedagogia do Oprimido; Pedagogia do Movimento; MST e Educação: Educação de Jovens e Adultos; Infância no MST; Escola de Educação Básica no MST; Diversidade Sexual e de Gênero e desafios atuais; e o Racismo estrutural e a urgência de uma educação antirracista.
No dia 07 de janeiro ocorreu a Abertura do 9º Curso de Pedagogia do Movimento, momento que contou com a presença da Gestora do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), Profa. Dra. Clarice Aparecida dos Santos. Já no dia 19 de janeiro foi realizada a mesa que tratou do Programa Escola da Terra e da afirmação da política pública de Educação do Campo, com as presenças da Diretora da DIPECEI/SECADI/MEC Profa. Dra. Maria do Socorro Silva; da Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação do Campo (PPGEDUCAMPO) da UFRB Profa. Dra. Ana Cristina do Nascimento Givigi – Profa. Kiki; do Coordenador do Setor de Educação do MST Prof. Dr. Valter de Jesus Leite; e do Coordenador do Programa Escola da Terra na UFRB Prof. Dr. Alex Verdério.
Para Clarice dos Santos do PRONERA, com o Curso de Pedagogia do Movimento vê-se “a renovação e ampliação de lideranças por meio da formação política e pedagógica”. Já Maria do Socorro Silva da DIPECEI/SECADI/MEC, registra sua “satisfação com os momentos que presenciou na formação”. Ana Cristina Givigi – Profa. Kiki do PPGEDUCAMPO-UFRB, por sua vez, afirma: “Foram dias de trabalho coletivo e aprofundamento de temas contemporâneos por meio de debates qualificados com pessoas de todo país que estão no chão da escola. As reflexões de questões vivenciadas na escola do campo como a diversidade sexual e racial, a financeirização da agricultura, a educação de jovens e adultos e educação básica e as tantas outras questões pedagógicas ensinam a universidade que a parceria com o Movimento Sem Terra só tem a nos beneficiar enquanto instituição e fortalecer o projeto da UFRB”.
Dentre o conjunto de atividades formativas vivenciadas, destacam-se ainda, o lançamento dos livros Luanas Negras e Memórias de um menino Sem Terra. Ambas as obras, conectadas ao fazer concreto das práticas educativas no contexto da reforma agrária, anunciam e projetam os desafios e as potencialidades da Educação do Campo nos territórios.
Luanas Negras, uma produção coletiva, conectada ao fazer concreto da Escola Técnica de Agroecologia Luana Carvalho (ETALC), é fruto de um trabalho colaborativo que envolveu todo o coletivo da Escola, em especial os(as) estudantes das turmas do Curso Técnico em Agroecologia. Sistematizada entre os anos de 2019 e 2022, a obra apresenta elementos e reflexões da luta contra o racismo, contra os preconceitos e na afirmação de uma educação das relações étnico-raciais em sua perspectiva antirracista e libertadora na Educação do Campo.
Em Memórias de um menino Sem Terra, o autor – Munir Lauer – aborda as vivências na infância, na adolescência e na juventude no contexto da luta pela terra. Em suas páginas a obra evidência a trajetória das crianças Sem Terrinha e traz para o centro do fazer educativo a identidade e o sujeito infanto-juvenil, o qual integra e protagoniza muito da história de luta e conquistas produzidas nos quarenta anos do MST.
Como desdobramentos do Curso Pedagogia do Movimento tem-se as Orientações para o Tempo Comunidade que compreendem o reencontro dos(as) cursistas com seus espaços de inserção e atuação. Para tanto, na continuidade das ações destacam-se a efetividade do I Festival Literário do MST: Escrevivências Sem Terra; o trabalho intencional e sistemático com a obra Luana Negras nas escolas do campo e nos demais espaços de inserção; e as ações vinculadas ao Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis.
Tais ações, conectadas ao processo formativo vivenciado no 9º Curso de Pedagogia do Movimento, têm nas escolas do campo e nas áreas de reforma agrárias espaços profícuos na potencialização e qualificação das práticas educativas já realizadas em tais contextos.
Confira as imagens:
Acessibilidade
Este artigo possui narração, clique no play abaixo para ouvir.