Começou ontem (29/04) à noite e segue hoje o dia todo, na Câmara de Vereadores, a Conferência Municipal da Promoção da Igualdade Racial. O evento é uma realização da Secretaria de Políticas Especiais.
Apresentações de trio de rap e do Grupo de Samba Sapucaia abriram a conferência que pretende debater as políticas de reparação em Cruz das Almas e discutir a anemia falciforme, doença genética que atinge uma grande quantidade de negros.
A Secretaria Municipal de Políticas Especiais foi criada em 2006 e é a primeira secretaria criada para discutir as políticas de afirmação no interior da Bahia. Atualmente o Estado já conta com nove secretarias para debater o assunto.
A secretária Ilza Francisca disse em seu discurso na abertura da conferência que o governo “abraçou a causa contra a discriminação”. Ilza falou que a conferência é um marco para discutir a situação do negro na cidade e região. “Deste debate saem os pilares para construção do Plano de Igualdade Racial”, acrescentou.
Ilza aproveitou para citar as conquistas da secretaria nos últimos três anos. Aplicação da Lei 10.639/03 que incluiu o ensino da História da Cultura Afro-Brasileira nas escolas municipais, celebração do mês da consciência negra, combate a intolerância religiosa, debate sobre a anemia falciforme e outras atividades que ajudaram na luta contra a discriminação racial.
O prefeito Orlandinho lembrou a importância da criação da secretaria em 2006. “A sociedade provocou o debate sobre o preconceito racial e o Governo do Povo criou uma estrutura”, disse.
Para Orlandinho, o debate é o primeiro passo para começar a reconhecer que existe o preconceito racial em nosso país. “Este assunto sempre foi tratado como tabu. Queremos avançar. Nosso governo não vai ficar apenas na boa intenção”, pontuou o prefeito.
Orlandinho acredita que o preconceito racial não acaba apenas com uma “canetada” ou “decreto”. “Não vamos fazer a reparação completa em apenas um ano. Mas podemos fazer muito nos próximos quatro anos”, concluiu.
A palestra da primeira noite foi aberta por Olívia Santana, vereadora de Salvador e coordenadora nacional da UNEGRO. Olívia falou sobre a discriminação histórica sofrida pelos negros em nosso país. “Mesmo após a abolição da escravatura, abriram a senzalas e os negros não sabiam para onde ir”, falou a vereadora.
Olívia acredita que “o jogo não pode ser zerado” de qualquer jeito como alguns discursam. “Existe um atraso histórico que só pode ser resolvido com política de promoção da igualdade racial”, alegou a vereadora.
Para a coordenadora da UNEGRO, Cruz das Almas sai na frente ao promover constantemente o debate sobre o racismo. “Para debater discriminação racial tem que ter demanda. Existe uma parcela da população que está segregada. Essa mácula existe a o município está encarando o problema”, emendou.
“A riqueza é elitista e branca. A pobreza é democrática. O racismo é uma condição política e, por isso, eu parabenizo esse debate”, concluiu Olívia. A conferência continua nesta quinta-feira (30/04) no Plenário da Câmara de Vereadores.
Fonte: Ascom PMC