Dez anos depois da morte de Mãe Gilda, ialorixá do terreiro Ilê Axé Abassá, em Salvador, a SEPROMI (Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia) lançou nesta quinta-feira (21/01), na Biblioteca Municipal Carmelito Barbosa Alves, o projeto de Mapeamento dos Espaços de Religiões de Matriz Africana do Recôncavo.
A data da morte da ialorixá foi escolhida pelo deputado federal Daniel Almeida (PCdoB) como Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa. A lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 2007.
O projeto pretende identificar o perfil, a origem, a história, as condições físicas e os recursos naturais de todos os terreiros da região. O trabalho, que tem duração prevista de 15 meses, já foi realizado pela SEPROMI em Salvador.
Para a secretária estadual de Promoção da Igualdade, Luiza Barrios, o projeto é fundamental para a correção de distorções culturais na Bahia, que propagandeia ser a unidade de maior diversidade no país. “O Estado foi formado sem inserir nossas reais necessidades”, disse.
A secretária de Políticas Especiais de Cruz das Almas, Ilza Francisca, agradeceu a escolha do município e falou da importância do projeto. “Não adianta fazer sem planejar. Para construir políticas públicas, tem que ouvir a sociedade, conhecer a estrutura”.
O prefeito Orlandinho lembrou que a escolha do município para lançamento do projeto mostra a importância da ação de lançamento de uma secretaria, ainda em 2006, para debater o preconceito contra as mulheres e as raças. “Apesar de não termos a mesma tradição de Cachoeira, Santo Amaro, São Félix e outras cidades, Cruz das Almas foi escolhida porque hoje é pólo de desenvolvimento”, declarou o prefeito.
Orlandinho acha que uma sociedade precisa ser justa “em todos os setores”. Para o prefeito, é necessário desconstruir uma hegemonia preconceituosa. “Esta ação é fundamental, pois o governo estadual, federal e o município estão chamando o povo de santo para construir políticas públicas”.
Após o mapeamento, a SEPROMI inicia o debate para construir políticas públicas para as populações que vivem nestes espaços. “A regularização fundiária e a preservação dos templos são apenas alguns resultados que este projeto pode render”, declarou Ilza Francisca.
Por Maurício Medeiros